ATA DA CENTÉSIMA TERCEIRA
SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA
LEGISLATURA, EM 25.09.1989.
Aos vinte e cinco
dias do mês de setembro do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Centésima Terceira Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi
realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adroaldo Correa,
Airto Ferronato, Artur Zanella, Clóvis Brum, Cyro Martini, Décio Schauren,
Dilamar Machado, Edi Morelli, Elói Guimarães, Ervino Besson, Flávio Koutzii,
Gert Schinke, Giovani Gregol, Isaac Ainhorn, Jaques Machado, João Dib, José
Alvarenga, José Valdir, Lauro Hagemann, Leão de Medeiros, Letícia Arruda, Luiz
Braz, Luiz Machado, Mano José, Nelson Castan, Omar Ferri, Valdir Fraga, Vicente
Dutra, Vieira da Cunha, Wilson Santos, e Wilton Araújo. Constatada a existência
de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e solicitou ao Ver.
Luiz Braz que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, o Sr.
Secretário procedeu à leitura das Atas da Centésima Segunda Sessão Ordinária e
da Décima Sétima Sessão Extraordinária, as quais foram aprovadas. À MESA foram
encaminhados: pelo Ver. Cyro Martini, 03 Pedidos de Providências; 01 Projeto de
Lei do Legislativo nº 145/89 (Proc. 2568/89); pelo Ver. Edi Morelli, 02 Pedidos
de Informações; pelo Ver. Ervino Besson, 01 Pedido de Providências; pelo Ver.
Gert Schinke, 01 Emenda ao Projeto de Resolução nº 25/89 (Proc. 2437/89); pelo
Ver. João Dib, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 144/89 (Proc. 2553/89); pelo
Ver. Leão de Medeiros, 05 Pedidos de Providências; pela Vereadora Letícia
Arruda, 06 Pedidos de Providências; 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 143/89
(Proc. 2549/89); e 01 Projeto de Resolução nº 31/89 (Proc. 2584/89); pelo Ver.
Luiz Machado, 01 Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 42/89 (Proc.
1237/89); pelo Ver. Nelson Castan, 02 Pedidos de Providências; pelo Ver. Valdir
Fraga, 01 Projeto de Lei do Legislativo nº 147/89 (Proc. 2593/89); pelo Ver.
Vicente Dutra, 01 Pedido de Providências; pelo Ver. Wilton Araújo, 01 Pedido de
Informações; 01 Projeto de Emenda à Lei Orgânica nº 72/89 (Proc. 2520/89). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofício nº 98/89, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA; Ofício-Circular do DIEESE; Carta da
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica – ABINEE/RS; Telegrama
do Deputado Luiz Roberto Ponte; Telex do Gerente de Comunicação Social da
Companhia de Cigarros Souza Cruz; Cartões, da Família do Desembargador
Marcolino Teixeira de Moraes, de Carlos Mostardeiro e família, e do Secretário
de Estado de Recursos Humanos e Modernização Administrativa, Sr. José F. Cirne
Lima Eichenberg. A seguir, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis
Brum, solicitando a inversão na ordem dos trabalhos, passando-se à ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral e Votação Secreta, Urgência, foi aprovado, pela
unanimidade dos vinte e cinco Senhores Vereadores presentes, o Projeto de
Resolução nº 30/89, tendo sido escrutinadores os Vereadores Omar Ferri e
Letícia Arruda. Foram aprovados, ainda, os seguintes Requerimentos: do Ver.
Adroaldo Correa, de Voto de Congratulações com o Sindicato dos Jornalistas
Profissionais do Rio Grande do Sul pela passagem de seu aniversário; da Verª
Letícia Arruda, solicitando seja o período do Grande Expediente, do dia
primeiro de novembro deste ano, dedicado a homenagear o Centenário da
Proclamação da República pela sua significação na História Política do Brasil;
este Requerimento, encaminhado à votação pelo Ver. Adroaldo Correa; do Ver.
Valdir Fraga, solicitando seja o Projeto de Resolução nº 30/89, dispensado de
distribuição em avulsos e interstício para sua Redação Final, considerando-a
aprovada nesta data; do Ver. Vicente Dutra, de Licença para tratar de assunto
de interesse particular, dois dias, a contar do dia vinte e seis de setembro do
corrente ano; do Ver. Wilson Santos, de Voto de Congratulações com Antonio de
Lisboa Melo e Freitas por sua eleição à Presidência do GBOEX. Na ocasião, foi
aprovado Requerimento do Ver. Heriberto Back, solicitando Licença para
Tratamento de Saúde, nos dias vinte e cinco e vinte e seis de setembro do
corrente ano. Em continuidade, o Sr. Presidente declarou empossado na Vereança
o Suplente Antonio Losada e, informando que S. Exa. já prestara compromisso
legal nesta Legislatura, ficando dispensado de fazê-lo, comunicou-lhe que passaria
a integrar a Comissão de Urbanização, Transportes e Habitação. Em
prosseguimento, o Sr. Presidente anunciou a visita de autoridades e
personalidades da área do Turismo, e convidou aos Líderes de Bancada que
conduzissem ao Plenário as referidas pessoas. Compuseram a Mesa: Ver. Valdir
Fraga, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Sr. José Carlos de Mello
D´Ávila, Diretor da EPATUR; Sr. Joelso Gomes da Silveira, Diretor de Eventos da
ABRASEL; Sr. Aceni Garcia Flores, Diretor da ABRASEL; Sr. Flávio Casaccia,
Presidente da Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul; Sr. Antonio Ávila,
Vice-Presidente da CRTUR; Sra. Noracy da Silva Negrini Reinaldo Pedroso,
Presidente da AGTURB; Sr. Norton Luiz Lenhart, representante do Sindicato dos
hotéis, bares e restaurantes da grande Porto Alegre; e Ver. Isaac Ainhorn, 1º
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. A seguir, o Ver. Valdir
Fraga, nos termos do art. 78 do Regimento Interno, e em nome das demais
Lideranças da Casa, congratulou-se com a Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul
pela realização da Semana do Turismo, programação que se inicia neste momento.
Discorreu sobre a importância econômica da atividade turística, dos objetivos
desta Semana do Turismo, e agradeceu a deferência conferida a este Legislativo
Municipal de abrir esse evento. Em prosseguimento, o Sr. Presidente concedeu a
palavra ao Sr. Antonio D’Ávila, Vice-Presidente da CRTUR, o qual discorreu
sobre a programação da Semana do Turismo, e sobre a urgente necessidade da
implementação da empresa turística no Estado do Rio Grande do Sul. A seguir, o
Sr. Presidente agradeceu a presença de todos, desejando aos organizadores do
evento muito sucesso, e suspendeu os trabalhos da presente da Sessão às
quatorze horas e cinqüenta e seis minutos, nos termos do artigo 84, inciso II,
do Regimento Interno. Às quinze horas, constatada a existência de “quorum”, os
trabalhos foram reabertos. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Elói Guimarães
manifestou seu repúdio à publicação e divulgação na imprensa do País de notas
“a pedido”, de autoria do jornalista Sebastião Nery, salientando que tal
matéria visa denegrir a honra e dignidade do candidato à Presidência da
República Leonel Brizola. Questionou os reais motivos dessa campanha, que
denominou caluniosa, e o processo comprometedor para as eleições que tal pode
desencadear. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Omar Ferri, discorreu sobre a
situação dos artesãos que ocupavam área na Av. Osvaldo Aranha. Apelou à Bancada
do PT e à Administração Municipal para que providenciem na permanência desses
trabalhadores naquela área. O Ver. João Dib teceu comentários acerca das contas
do Município, principalmente de declarações de autoridades do Executivo
Municipal referentes à arrecadação do Município e gastos com a Folha de Pagamento
dos funcionários municipais. O Ver. Nelson Castan, congratulou-se com o
pronunciamento do Ver. Omar Ferri, a repeito da manutenção dos artesãos na Av.
Osvaldo Aranha, afirmando que o Executivo Municipal deve mantê-los naquela
área, pelo menos, por motivos comunitários. E referindo-se à questão dos
comerciantes do Bairro Ipanema, apelou à SMIC que conceda um prazo maior a fim
de que aqueles donos de bares possam cumprir as exigências feitas por aquela
Secretaria. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Dilamar Machado reportou-se aos
pronunciamentos anteriores que enfocaram a questão dos artesãos, enfatizando
que a modalidade de comércio praticada por esses é benéfica para a população e
para a cidade, funcionando, inclusive, como atração turística. Quanto à situação
dos comerciantes do Bairro Ipanema, instou que o Executivo Municipal, a SMIC, a
Câmara Municipal e os comerciantes daquela área devem discutir amiudadamente a
fim de se chegar a um consenso. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Lauro Hagemann,
reportando-se aos pronunciamentos relativos à SMIC, asseverou que as decisões
dessa Secretária não são tomadas isoladamente, mas em conjunto com a política
do atual Governo Municipal. E quanto às questões relativas à manutenção dos
artesãos na Av. Osvaldo Aranha e da dilatação do prazo para permanência dos
comerciantes na orla do Rio Guaíba, afirmou que o Executivo Municipal já vem
discutindo com esses desde o início do ano e que as minorias não devem ser
privilegiadas em detrimento do beneficio da maioria. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Ver. Gert Schinke, analisou e discutiu a questão da contaminação das batatas no
País. Afirmou que cerca de mil toneladas de batatas foram contaminadas por
iantina e depois comercializadas. Contraditou afirmações do Sr. Antenor
Ferrari, Secretário do Estado da Saúde, de que essa questão estaria sob
controle do Estado. Alertou para os danos que esse agrotóxico causa à saúde das
pessoas, e para a inoperância do Estado para fiscalizar o uso de agrotóxicos. O
Ver. Flávio Koutzii, referindo-se aos pronunciamentos relativos aos artesãos do
chamado Brique dois e dos comerciantes do Bairro Ipanema, analisou cada
questão. Asseverou que não há violência por parte do Executivo Municipal, mas
apenas uma visão global de recuperação do Rio Guaíba, lembrando que os
ocupantes daquela orla não pretendem cumprir as regras elementares que a área
exige. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de
Lei do Legislativo nºs 107, 141, 142, 139, e 140/89; o Projeto de Lei do
Executivo nº 45/89; e os Projetos de Resolução nºs 24, 28, e 29/89; em 2ª
Sessão, os Projetos de Lei do Legislativo nºs 134, 135, e 137/89; e em 3ª
Sessão, o Projeto de Lei do Executivo nº 43/89, e o Projeto de Resolução nº
25/89. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Luiz Machado, referindo-se ao pronunciamento do
Ver. Gert Schinke sobre a contaminação de produção e batatas, manifestou sua
solidariedade ao posicionamento de S.Exa., a quem solicitou interseção com
vistas a solução de problemas decorrentes de grande depósito de lixo existente
na confluência das Estradas Edgar Pires de Castro com João Cândido Silveira.
Referindo-se à retirada de comerciantes localizados na Praia de Ipanema,
invocou a aplicação de lei para todos, indistintamente, mencionando a ocupação
de áreas da praia por particulares residentes às margens do Rio Guaíba. O Ver.
Vieira da Cunha relatou que, através do Dep. Carlos Araújo, a Bancada do PDT
foi procurada para que intermediasse conversações entre o Executivo Municipal e
comerciantes que se localizam na Praia de Ipanema, esclarecendo que nenhum
Vereador foi excluído dessas tratativas, em razão do que formulou convite às
lideranças partidárias no sentido de que se façam presentes à reunião que será
realizada na próxima quinta-feira. Manifestou que o PDT propugna por uma solução
política para o impasse, que atualmente chega a impedir o recebimento dos
comerciantes pela SMIC. O Ver. Vicente Dutra propugnou e defendeu a construção
de um Centro de Convenções adequado para a Cidade de Porto Alegre. Afirmou ser
este momento, em que se está realizando estudos para a reformulação da Lei
Orgânica do Município e data da visita de autoridades da área do Turismo, ideal
para que os Edis desta Casa reflitam acerca das condições ideais que o Estado
apresenta para o desenvolvimento das atividades turísticas. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Ver. Giovani Gregol, referindo-se aos pronunciamentos proferidos nesta
tarde, com referência aos comerciantes da orla do Guaíba e artesãos da Av.
Osvaldo Aranha, afirmou que as demais Bancadas desta Casa tomam tais assuntos
de maneira polêmica com a finalidade de desgastar a imagem política da
Administração Popular. Defendeu que as margens do Rio Guaíba devem ser livres
para o usufruto da população. Em EXPLICAÇÕES PESSOAIS, o Ver. Cyro Martini,
discorreu sobre a Semana Nacional do Trânsito, transcorrida de dezoito a vinte
e cinco do mês de julho do corrente ano. Criticou a decisão da Assembléia
Constituinte do Estado que transferiu o DETRAN para a competência da Brigada
Militar. E comentando o trânsito nas estradas e ruas, asseverou que o bom
andamento do tráfego depende, também, da responsabilidade dos motoristas e dos
pedestres. O Ver. Giovani Gregol relatou ocorrências durante a greve da
categoria dos mergulhadores. Esclareceu que esses profissionais são responsáveis
pela manutenção do terminal petrolífero de Tramandaí, e que os moradores e
banhistas daquela cidade já estão sofrendo as conseqüências da não realização
de manutenção daquele oleoduto. Denunciou, ainda, a contratação de pessoas
estrangeiras, e sem familiaridade com aquele oleoduto, para substituir os
profissionais em greve, e os danos ao meio-ambiente que tal atitude pode
ocasionar. E o Ver. Ervino Besson solidarizou-se com o pronunciamento do Ver.
Vicente Dutra, de hoje à tarde, endossando sua proposta de criação de um Centro
de Convenções adequado para a Cidade de Porto Alegre. Às dezessete horas e
trinta minutos, nada mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os
trabalhos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene a realizar-se
amanhã, às dezessete horas, e convocando Suas Excelências para a Sessão
Ordinária de quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos
pelos Vereadores Valdir Fraga, Isaac Ainhorn, Lauro Hagemann, e Adroaldo
Correa, e secretariados pelos Vereadores Lauro Hagemann e Adroaldo Correa. Do
que eu, Lauro Hagemann, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata
que, lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Declaro abertos os trabalhos da presente Sessão. Passamos ao Grande
Expediente.
O SR. CLÓVIS BRUM (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro à Mesa, tendo já consultado as demais
Lideranças da Casa, que se faça a inversão do Grande Expediente pela Ordem do
Dia, já que só consta um Projeto a ser votado.
O SR. PRESIDENTE: Em
votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam
como estão. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Edi Morelli.
Passamos à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO SECRETA – URGÊNCIA
PROC. Nº
2567/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 030/89, de autoria da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários
da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.
Observação:
- independente de
Parecer (art. 143 do Regimento Interno).
O SR. PRESIDENTE: Em
discussão o PR nº 030/89. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Solicito aos Vereadores
Letícia Arruda e Omar Ferri para nos auxiliarem no escrutínio da votação.
Com a palavra, o Sr. 1º Secretário, para a chamada nominal do Srs.
Vereadores.
O SR. 1º SECRETÁRIO:
(Após proceder à chamada dos Srs. Vereadores.) Votaram 25 Srs. Vereadores, Sr.
Presidente.
(A Verª Letícia Arruda e
o Ver. Omar Ferri procedem ao escrutínio da votação.)
O SR. PRESIDENTE: APROVADO o PR nº 030/89, por 25 votos SIM, ou seja, pela unanimidade dos
Srs. Vereadores presentes.
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Valdir Fraga, solicitando
que o PR nº 030/89 seja dispensado de distribuição em avulsos e interstício
para sua Redação Final, considerando-a aprovada nesta data. Em votação.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Submetemos ao Plenário Requerimento de autoria da Verª Letícia Arruda,
solicitando seja o período do Grande Expediente do dia 1º de novembro deste ano
dedicado a homenagear o Centenário da Proclamação da República pela sua
significação na História Política do Brasil. Em votação. (Pausa.) Com a
palavra, para encaminhar, o Ver. Adroaldo Corrêa.
O SR. ADROALDO CORRÊA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, serei breve no encaminhamento deste que é um
Requerimento da Comissão de Educação, discutido nesta Casa numa das reuniões da
Comissão. É uma proposta para refletirmos o Centenário da República do nosso
País, que vive, em 1989, este aniversário e, objetivamente, de republicano o
regime tem pouca coisa, embora se diga desta forma. Então, para não deixar
passar em branco, apenas como registro aprovado e, depois, sermos
surpreendidos, queremos destacar que essa é a referência que a Comissão de
Educação gostaria de fazer com o Requerimento. E chamar a atenção do Plenário e
das Bancadas para que procuremos refletir, na data específica, a relação do
Estado Nacional Brasileiro hoje com o seu regime republicano proclamado há cem
anos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Não havendo mais quem queira encaminhar, em votação o Requerimento. Os Srs.
Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
O SR. PRESIDENTE:
Srs. Vereadores, a Casa, por intermédio desta Presidência, recebeu, hoje, por
volta das quatorze horas, um telex comunicando que a Câmara de Turismo do Rio
Grande do Sul está iniciando suas festividades no dia de hoje e que consta na
sua programação que esta Casa iria fazer um pronunciamento a esse respeito.
Estamos, inclusive, com alguns convidados no Gabinete da Presidência. Em vista
disso, vou usar o Tempo de Presidência, dez minutos, e se algum dos Líderes de
Bancada quiser se pronunciar poderá fazê-lo.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr.
Presidente, realmente, fica um pouco constrangedor a Câmara de Porto Alegre
constar de uma programação sem que seu Plenário tivesse deliberado a respeito.
Acho que devemos tentar resolver esse problema numa política de boa vizinhança,
mas seria conveniente que tal precedente não se repetisse, porque a Câmara foi
envolvida numa programação oficial sem que o Plenário houvesse deliberado. Mas
a Presidência saberá contornar o problema e, inclusive, solicito ao Sr.
Presidente que se pronuncie, também, em nome do PMDB.
O SR. VIEIRA DA CUNHA:
V. Exª falará, também, em nome da Bancada do PDT.
O SR. LUIZ BRAZ: Creio
que V. Exª poderá falar em nome da Casa, em nome de todas as Bancadas.
O SR. PRESIDENTE:
Solicito aos Srs. Líderes de Bancada que introduzam no Plenário os convidados
que se encontram no Gabinete da Presidência.
Em Grande Expediente, falarão, após o pronunciamento deste Vereador, o
Ver. Elói Guimarães, o Ver. Dilamar Machado, por cedência de tempo do Ver.
Ervino Besson, o Ver. Flávio Koutzii e o Ver. Gert Schinke.
A seguir, colocamos em votação o Requerimento do Ver. Heriberto Back,
solicitando Licença para Tratamento de Saúde, nos dias 25 e 26 do corrente mês.
(Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Declaramos empossado o Ver. Antonio Losada, que já se encontra nesta
Casa e, já tendo S. Exª prestado compromisso legal nesta Legislatura,
informamos que S. Exª fará parte da Comissão de Urbanização, Transportes e
Habitação.
Com muito prazer, convidamos para fazer parte da Mesa o Diretor da
Epatur, Dr. José Carlos de Mello D’Ávila, que representa o Sr. Prefeito, neste
ato; o Sr. Joelso Gomes da Silveira, Diretor de Eventos da Abrasel; Sr. Alceni
Garcia Flores, Diretor da Abrasel; Dr. Flávio Casaccia, Presidente da Câmara de
Turismo do Rio Grande do Sul; Sr. Antonio Ávila, Vice-Presidente da Crtur do
Estado; Srª Noracy da Silva Negrini Reinaldo Pedroso, Presidente da Agturb; Sr.
Norton Luiz Lenhart, representante do Sindicato dos Hotéis, Bares e Restaurantes
da Grande Porto Alegre.
Convido o Ver. Isaac Ainhorn, Vice-Presidente da Casa, para assumir a
Presidência dos trabalhos, a fim de que este Vereador possa fazer o seu
pronunciamento.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Com a palavra, o Ver. Valdir Fraga, Presidente desta Casa.
O SR. VALDIR FRAGA:
Exmo Sr. Ver. Isaac Ainhorn, Vice-Presidente desta Casa, neste
momento presidindo os trabalhos, autoridades que compõem a Mesa, Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, a Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul
apresenta a Semana de Turismo 1989/Porto Alegre, que estamos começando hoje, de
25 a 29 de setembro.
Nós temos a honra de abrir essa Semana. Logo a seguir, teremos, na
terça-feira, reunião com a Contur, quarta-feira, dia 27, Dia Mundial do
Turismo, com vários eventos, e, na quinta-feira, o encerramento.
Mas para a Câmara Municipal de Porto Alegre é uma honra muito grande
abrir esse encontro. A Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul, que congrega as
entidades privadas da área do turismo, ABAV, os agentes de viagens, as
transportadoras de turismo, da indústria de hotéis, das empresas de lazer, dos
jornalistas de turismo, das empresas de turismo, entre outras, estão
comemorando a Semana do Turismo, e o dia 27 próximo é o Dia Mundial do Turismo.
O turismo é uma atividade de natureza econômica e propicia lazer,
cultura, conhecimentos e satisfação às pessoas. Poucos sabem, mas muitas
indústrias desenvolvem-se em função do turismo, desde as fábricas de cadeiras,
motéis, roupas, barcos, alimentação. Por exemplo, de acordo com os dados da
Organização Mundial de Turismo, organismo ligado à ONU, no ano passado, o
turismo foi o setor industrial que reuniu mais divisas, nos anos anteriores era
a indústria de armas e depois petróleo; no ano passado, foi turismo, armas e
petróleo. Isso vem comprovar uma pesquisa realizada pela Stander Publicidade e
Propaganda, de que a próxima década será voltada ao turismo e que os países
estarão se adequando para isso. É um dado fantástico, na medida em que prova
que a indústria da paz está vencendo a guerra contra as armas, eu vou repetir,
e não posso negar às autoridades aqui presentes, na área do turismo. Conforme a
leitura, nós também nos vamos surpreendendo com a própria leitura, porque, na
verdade, recebemos este pronunciamento de uma pessoa muito ligada à área e que
tem os méritos dos acertos que nós teremos aqui nesta tribuna; os erros estão
por minha conta, porque na verdade eu conheço muito pouco, a não ser este
último dado que eu fiz a leitura há pouco tempo.
Vou repetir o dado que me chamou a atenção, o dado está escrito assim:
“O dado é fantástico na medida em que prova que a indústria da paz está
vencendo a guerra contra as armas. No mundo todo, ainda dados da Organização
Mundial de Turismo, cerca de cem milhões de pessoas são empregadas na área,
agências de viagens, hotéis, transportadoras terrestres, aéreas, cassinos,
clubes de lazer, estações de esqui de verão, restaurantes, etc. Isto sem contar
com o comércio, que vive temporadas inteiras somente devido ao turismo, como
acontece com o próprio comércio da capital gaúcha, por exemplo. Aqui, no Rio
Grande do Sul, cerca de trinta mil empresas são de turismo, empregam cerca de
cento e cinqüenta mil pessoas diretamente e somente nas cidades da serra, que
todos nós conhecemos, como Gramado, Canela, Nova Petrópolis e Caxias, por
enquanto. É o que nós esperamos”.
Porto Alegre sediará, no ano que vem, o Congresso Brasileiro de
Agências de Turismo, o maior da América Latina, organizado pela Associação
Brasileira de Agências de Viagens do Rio Grande do Sul, o que é uma honra para
a nossa Capital, assim como é uma honra, neste momento, a Câmara Municipal de
Porto Alegre abrindo esses eventos. Até lá, espera-se que a comunidade em geral
esteja preparada para receber os visitantes e nós estamos propondo auxiliar,
claro que na medida do possível. Eu sei que a Bancada do PT, que representa o
Governo Municipal, também se colocará à disposição, até porque neste momento
falo em nome de todos os companheiros Vereadores e, com a atenção e a simpatia
de sempre, o Ver. Flávio Koutzii, que representa a Bancada, como Líder, nos deu
autorização de falar em nome da sua Bancada. Então, estou me atrevendo a dizer
que o Governo Municipal também estará ao inteiro dispor.
Essa Semana de Turismo que estamos comemorando tem como um dos seus
objetivos principais chamar a atenção para esse Congresso e por isso estamos
também fazendo este pronunciamento.
É com muito orgulho que recebemos nesta Casa dirigentes de entidades
ligadas ao turismo e saudamos os prezados amigos aqui presentes; nas suas
pessoas, a grande indústria sem chaminés, que é um dos sustentáculos da
economia do Rio Grande do Sul. Muito obrigado pela presença dos senhores, a
Câmara sentiu-se muito honrada. Estamos ao inteiro dispor, sempre que o nosso
turismo precisar, porque aqui nós conhecemos quase que cada um dos senhores
pessoalmente, nos encontramos seguidamente de um lado ou de outro aqui na
Capital. Um abraço a todos e que esta semana seja de sucesso e no próximo
encontro contem conosco novamente, porque a Câmara vai auxiliar o máximo
possível, no que puder, assim como o Executivo Municipal. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Concedemos a palavra ao Dr. Antonio Ávila, Vice-Presidente da Crtur do Estado.
O SR. ANTONIO ÁVILA:
Meu caro Presidente, Valdir Fraga, Srs. Vereadores, meus amigos, aqui estamos
representando o Estado no sentido de, juntos, comemorarmos a Semana do Turismo.
Aqui está o Presidente da Câmara de Turismo do Estado do Rio Grande do Sul, meu
amigo Dr. Flávio Casaccia e sua diretoria, o Sr. Presidente da Epatur, Dr.
Carlos D’Ávila, enfim, todos os companheiros da área do turismo. É com grande
alegria que vamos participar juntos, Poder Público e empresa privada, Governo
Municipal e Estadual. Todos sabem que assinamos, há pouco tempo, um convênio de
colaboração técnica com a Prefeitura e com a Epatur. Nós admitimos que Crtur e
Epatur trabalhem separados, temos que cumprir uma linha, e esta comunicação
faço oficialmente à Câmara e aos Srs. Vereadores. Precisamos, mais do que
nunca, faturar o turismo na cidade de Porto Alegre e no Estado do Rio Grande do
Sul, face à insegurança – não sou eu que digo, são os turistas – lá no centro
do País. Acho que não vamos festejar este insucesso dos companheiros do Rio e
de São Paulo, mas precisamos ainda oferecer mais segurança, no Rio Grande do
Sul, aos que nos visitam. Esta é a nossa preocupação. Tenho conversado
permanentemente com o D’Ávila nesse sentido, para que também a parte de
segurança pública do Estado caminhe junto conosco no sentido de não deixar cair
no mesmo pecado em que têm caído os grandes centros.
Esta semana, teremos uma programação grande na área do turismo e vamos
caminhar juntos, com a certeza de que recebemos aqui o apoio da Câmara, dos
Srs. Vereadores, do Governo Municipal e do Governo Estadual. Queremos também
comunicar que a ABAV, como disse o nosso ilustre Presidente, é uma realidade já
resolvida. Já está marcado um encontro para os primeiros dias de setembro de
1990. Em primeira mão, declaro aos senhores que encontramos um Centro de
Convenções pronto. Parece piada, mas é verdade. No Centro Administrativo tem um
andar pronto, faltando apenas alguns acabamentos, da ordem de treze mil metros
quadrados. A ABAV nacional virá, daqui a poucos dias, inspecionar e aprovar,
para que seja feito o mesmo, definitivamente, na frente do Guaíba. Vamos
receber na ordem de seis mil agentes de viagem, que vêm aqui para depois vender
o nosso produto. Então, este nosso entrosamento com o Poder Público, a área
privada, o Governo Estadual e o Governo Municipal nos dá a certeza de grande
faturamento na área do turismo. Aí, sim, esta indústria sem chaminé vai crescer
mais do que nunca, vai marcar o antes e o depois da ABAV. Queremos agradecer o
carinho com que a Câmara nos tem recebido e dizer que, lá na Crtur, estaremos
sempre à disposição para qualquer definição. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Valdir Fraga): Agradecemos as presenças do Sr. José Carlos de Mello D’Ávila, Diretor
da Epatur; do Sr. Joelso Gomes da Silveira, Diretor de Eventos da Abrasel; do
Sr. Alceni Garcia Flores, Diretor da Abrasel; do Sr. Flávio Casaccia,
Presidente da Câmara de Turismo do Rio Grande do Sul; do Sr. Antonio Ávila,
Vice-Presidente da Crtur; da Srª Noracy da Silva Negrini Reinaldo Pedroso,
Presidente da Agturb; e do Sr. Norton Luiz Lenhart, representante do Sindicato
dos Hotéis, Bares e Restaurantes da Grande Porto Alegre. Muito obrigado,
sucesso para os senhores, e a Câmara está sempre ao inteiro dispor.
Suspenderemos os trabalhos por três minutos.
(Suspendem-se os trabalhos às 14h56min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos ao
GRANDE EXPEDIENTE
Com a palavra, o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, nós, e de resto todas as pessoas, eu diria a
Nação, estamos estarrecidos com a publicação de um apedido, sem falar em outros
apedidos que um debilóide a serviço de uma candidatura está fazendo no País.
Mas é de um absurdo, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a referida publicação,
que não se trata apenas de uma publicação feita aqui nos jornais do nosso
Estado, são publicações nacionais, onde se pretende a infâmia de atacar uma
candidatura, a candidatura do Governador Brizola. Pretende-se incutir na
opinião pública que o Governador Brizola se beneficia, vejam o absurdo, se
beneficia do tráfico de drogas. Então, precisaria conhecer o Governador, como
nós, gaúchos, cariocas e brasileiros para, por si só, pelas informações que a
Nação tem dessa liderança, para se rebater.
Mas a verdade é que da forma como se coloca essa agressividade, a
Nação, evidentemente, terá que reagir. Todos conhecem a figura do Jornalista
Sebastião Nery, e é do conhecimento de todos que o Sr. Sebastião Nery foi
Deputado Federal pelo PDT. Posteriormente, deixou o Partido e não se reelegeu e
agora se presta a ser instrumento de uma campanha multimilionária, porque esses
apedidos de página inteira estão sendo feitos, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vejam bem, em todos os jornais do País. Nós temos seguramente mais
de cem jornais de porte médio, pois bem, em todos os jornais do País está sendo
feita publicação. Nós, oportunamente, vamos fazer um levantamento do quanto
custa fazer apedidos como os que estão sendo publicados nos jornais do País, para
demonstrar que por trás dessas publicações está a campanha de uma candidatura
e, aliás, o Ver. Vieira da Cunha, em minúsculo apedido, respondendo à referida
nota, o referido apedido, S. Exª coloca ali toda a indignação que é a nossa
indignação, e me parece, Ver. Vieira da Cunha, que V. Exª ali expressa
exatamente o pensamento das pessoas de bem, que não admitem os níveis a que se
chegou com os referidos apedidos.
Ora, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, uma situação dessa natureza é
inaceitável e, mais, pode-se criar, pode estar sendo criado um clima de tal
ordem, vejam V. Exas, tamanha a gravidade, tamanha a violência no
apedido, que um companheiro, um simpatizante do Governador Brizola pode
investir contra esse cidadão, porque é tal a violência... Todos os candidatos
sofrem ataques, sofrem críticas, todos. Há toda uma discussão, agora, e o nível
a que se desce é quase que um fato inédito na história brasileira. Não temos
conhecimento de um artigo, de um apedido de tamanha infâmia já publicado nos
meios de comunicação como o que está sendo publicado por todo o País pela
candidatura do Sr. Collor de Mello. Teria o Sr. Sebastião Nery recursos para
fazer publicar por todo o País os apedidos? E me diz aqui o Ver. Omar Ferri que
ele não tem onde cair morto, mas, então, esse homem está servindo de
instrumento, talvez na pretensão de quem o dirige para desencadear um processo
em nosso País. Porque o que ele declara, as afirmações que faz, são algo
profundamente doloroso para um homem de bem, para um homem de quem, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, se pode discordar das suas idéias, dos seus
métodos, da sua postura, etc. e tal, mas jamais se atacar a sua honra, a sua
dignidade da forma como se ataca. Não há precedentes nos Anais da política
brasileira de ataques desse conteúdo. O Lacerda - vamos aqui a uma rápida
rememoração histórica -, ele fazia ataques duros ao Presidente Getúlio Vargas,
mas fazia ataques duros no terreno das idéias, no terreno da política e jamais
entrava da forma objetiva como se coloca. É uma acusação direta.
O Sr. Omar Ferri: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Em tese, eu concordo com V.
Exª, só que devo registrar que à época em que denunciaram
o Governo de
Getúlio Vargas e acusaram um
dos homens mais honrados e mais honestos de toda a história deste
País, acusaram-no de ser
responsável por um mar de lama que nunca provaram nos porões do Palácio do
Catete. Até
me atreveria a dizer, porque vivi aquela época da
história, aquelas acusações foram muito mais
graves porque
se dirigiram a um Presidente da República eleito que
teve de renunciar, suicidando-se, tamanhas
foram as barbaridades
cometidas.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Mas,
veja, Ver. Omar Ferri, falava-se em mar de lama, em corrupção. Eram colocações em tese. Mas todos leram
o que o apedido
diz: "...
A polícia não
sobe e a droga não desce. A polícia
passou quatro anos do Governo Brizola
sem subir e a droga passou a descer duas vezes: uma,
para vender; a outra, para levar a comissão para a ‘caixinha’
de Brizola”.
E, por
aí, colocações
deste teor. Mas a gravidade da questão se dá em se instalar
um processo de reação natural
daqueles que têm simpatia pelo
Governador Brizola, dos seus amigos, dos seus
companheiros. O que estariam os autores intelectuais dessa trama pretendendo?
Que se desse um tiro no Sr. Sebastião Nery ou coisas dessa ordem, diante do descontrole desses momentos de emoção da vida nacional? O
que pode levar a um ataque
dessa gravidade? Ou não estaria
aí o bode
expiatório para afastar a caminhada do Governador Brizola ao Palácio do
Planalto? Não estaria aí montado todo o arcabouço para
interromper a caminhada do Governador Brizola? No plano ético e moral, trata-se
de um apedido da maior gravidade, mas ele pode
ser a ponta de um iceberg para
desencadear um processo cujas conseqüências podem até comprometer o
processo democrático.
Vejam V. Exas, é muito grave, não
sei até se seria publicável uma matéria dessa
natureza sem que, pelo menos,
tivesse aparência de semelhança.
É crível que
se possa dizer
o que se
está dizendo por todo o
País, em
todos os Estados, através de
todos os meios
de comunicação?! Não estaria
aí uma arquitetação para comprometer até as eleições,
criar-se um quadro de absoluta
desordem com provocações como essas? Fica
aqui a nossa manifestação, porque as
pessoas, segmentos
da sociedade, lendo esses absurdos, essas infâmias, compreendem que se trata
de uma inverdade
a serviço de uma candidatura.
Encerro, Sr. Presidente, deixando registrado nosso mais veemente
repúdio a esses assaques –
que não é preciso dizer da sua inveracidade – que representam uma prática que pode
nos levar a
uma situação imprevisível. A nossa manifestação
de repúdio a tamanhas infâmias a um homem de bem,
que ocupou diferentes cargos neste País e tem
dedicado toda sua vida em
busca da moralidade, em busca
da resolução dos graves problemas
por que passa
a sociedade brasileira. Homem
que esteve por um longínquo período
exilado, homem sofrido, sua família sofrida; e quando se
reabrem os caminhos democráticos neste País, passa
a ser atingido, atacado da
forma como está sendo feito.
Fica aqui a nossa manifestação de repúdio, de indignação a esse quadro que poderá
nos levar a
uma situação imprevisível. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Omar Ferri.
O SR. OMAR FERRI: Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, no mês de julho do corrente ano, o Executivo do
Município desta Capital deliberou, em caráter
provisório, localizar na Av.
Osvaldo Aranha, no trajeto entre
o Auditório Araújo Vianna e o Bar
Luar Luar, um número aproximado
de até cem
artesãos que residem nesta Capital. A
colocação naquele trajeto tinha por objetivo
realizar uma experiência para que o Município
pudesse saber se a providência
adotada consultava, em primeiro
lugar, os
interesses da cidade de Porto
Alegre e,
em segundo lugar, os
interesses e as necessidades dos senhores expositores. Inclusive, se
o Sr. Prefeito e os demais órgãos da Administração
aos quais cabe
esse setor tinham agido com
acerto. Não
só a Prefeitura
acertou na localização, como também, numa reunião feita por mais
ou menos vinte artesãos
expositores, que representavam este número de cento e dez, por unanimidade,
entendeu que aquele local era um local adequado para que eles realizassem
a exposição de seus produtos, a venda dos
mesmos, enfim, que comercializassem o produto de sua artesania.
Incrivelmente, depois do acerto dessa localização, no
dia 03 de setembro do corrente ano, uma Secretaria
do Governo, encarregada do setor, notificou os senhores artesãos, informando que estava suspensa a autorização para realizarem seus negócios na Av.
Osvaldo Aranha. Essa notificação
foi em caráter
verbal.
Dada a notificação, este Vereador requereu uma audiência
ao Sr. Prefeito
Municipal e levou uma grande
comissão de artesãos que foram
recebidos por S. Exª, o Sr. Prefeito. Nessa reunião,
a rigor,
nada foi deliberado, mas entendeu
o Município de Porto Alegre de
aguardar uma espécie de projeto
de ocupação, que deveria ser
apresentado pelos senhores artesãos, liderados pela
Dona Maria Terezinha de Oliveira, presentes neste
Plenário, nesta
oportunidade.
Portanto, os artesãos que logo
após formaram a Associação dos Artesãos da Av.
Osvaldo Aranha, vão apresentar hoje, em audiência
em que o Sr. Prefeito os vai receber, um projeto
de permanência de trabalho que
se subordina a uma série
de itens.
O primeiro deles, e o mais importante,
é que os
expositores se comprometem a adotar a pracinha
de recreação infantil que confina
com o local
da exposição, segundo os
projetos da SMAM; comprometem-se também a colocar lixeiras
metálicas em todo aquele trajeto.
Igualmente, seguindo as normas e
determinações dos órgãos municipais responsáveis, comprometem-se a padronizar as
bancas para que elas obedeçam
a uma linha
arquitetônica harmoniosa. Deliberarão,
e isso é muito
importante, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
assembléia geral que eles haverão
de convocar, uma percentagem
que será fixada e recolhida a todos, uma percentagem
em dinheiro, que será destinada como donativo em prol do
Hospital de Pronto Socorro desta Cidade. Acresço
ainda que houve
abaixo-assinados de praticamente todas as entidades de
moradores localizadas na área do
Bom Fim, todos
favoráveis à manutenção deste tal de Brique
2, conforme em determinado momento ficou conhecido. Por fim,
assinalo os aspectos de segurança que
a presença deles representará para aquela área.
Feita esta exposição, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
apelaria à Bancada do Partido dos Trabalhadores, à Bancada do Partido
Comunista, que compõem a Frente Popular, a Frente que está administrando, na
opinião do PSB, a contento e com transparência os destinos administrativos
deste Município. Faço um apelo a essas Bancadas, e faço um apelo maior ainda ao
Sr. Prefeito Municipal e a todas as suas Secretarias e Administrações, para que
atendam ao apelo dessa gente que, embora humilde, deseja trabalhar em igualdade
de condições com todo o cidadão de bem desta Cidade. Espero que o alto espírito
e magnanimidade, o bom senso da Administração Municipal delibere no sentido de
permitir que eles permaneçam na Av. Osvaldo Aranha. Muito obrigado. (Palmas.)
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. João Dib, em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não vou
conseguir usar os cinco minutos de Comunicação a que tenho direito. Reiterei
várias vezes desta tribuna,
tenho dito que sou descendente
de árabe e
faço contas de cabeça.
E agora eu estava analisando as contas do
Executivo Municipal e as informações que nos chegam. Nos quatro
primeiros meses, gastando mais de 100% da
arrecadação com pessoal, gastando
mais de 90% até o
mês de agosto... E nós ficamos
extremamente preocupados, porque a
arrecadação da Administração, informada até julho, dá
em torno de
100 milhões de cruzados. E
para uma arrecadação
de 100 milhões de cruzados,
que pagou 100
milhões de cruzados, ou pelo
menos pagou 90 milhões, segundo
o Sr. Prefeito, não poderia estar
sobrando absolutamente nada. Em três suplementações de verbas, aberturas
de crédito suplementar, o Executivo está pedindo setenta e um milhões e meio.
E, aí, o árabe,
que calculava, não sabe
mais calcular. Não tem
mais como calcular. Honestamente, os meus
ábacos, minhas réguas de cálculos, minhas tabuadas, que aprendi,
estava tudo errado. Porque, se estava
se gastando tanto, como
que, agora,
nós podemos abrir créditos que somam
71 milhões, 533 mil,
931 cruzados? E é parte do excesso
de arrecadação. Então,
eu só deixo uma pergunta:
quando o Executivo falou a verdade? Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE:
Para uma Comunicação de Líder, devidamente autorizado pela Liderança da
Bancada, o Ver. Nelson Castan.
O SR. NELSON CASTAN:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver. Omar
Ferri, que
nos antecedeu nesta tribuna,
fez um pronunciamento
que nos deixou
bastante reconfortados, uma
vez que é um Vereador que tem muita
proximidade com a Administração
Popular, faz
parte, de
maneira indireta, da Administração do Prefeito Olívio Dutra e levantou
uma situação da qual nós já éramos sabedores há mais tempo,
que é a
questão do novo Brique que está se
formando na Av. Osvaldo Aranha.
Eu gostaria, aproveitando este tempo de Liderança, de fazer
um apelo aos
Vereadores que compõem a Administração, do Partido do Governo
Municipal, e, em especial, ao
Ver. Lauro Hagemann, pessoa
equilibrada, sensata e que, nesta tarde, dirige os trabalhos
da presente Sessão. Nós temos
observado, diariamente, nos jornais, várias
investidas da SMIC, em diferentes
setores da Cidade, uma
delas o Ver. Omar Ferri se manifestou desta tribuna,
ao qual apresentamos
a nossa total
solidariedade, Ver. Omar Ferri, estamos junto com V. Exª nesta luta pela preservação
dos artesãos que procuram se
consolidar e criar um espaço
para que sua
atividade econômica seja viabilizada. É uma
questão de dignidade para essa gente e é o mínimo que o
Governo Municipal poderia fazer, dando tranqüilidade, estabilidade para que eles
continuassem a vender seus produtos
naquela zona, pelas razões
deles e por
todas as outras
razões que V. Exª citou, de apoio
e espírito comunitário que eles estão
demonstrando com relação a outros
problemas da cidade de Porto
Alegre. Um
deles é o
caso do Pronto
Socorro, que V. Exª citou, a questão
do parque que fica atrás, a
questão dos cestos de lixo, e isso mostra
o espírito comunitário desse pessoal que, além
de ter a
necessidade de um espaço para
a venda de seus produtos e, portanto,
da sua sobrevivência, estão conscientes
e dispostos a ajudar a
comunidade a resolver seus problemas.
Mas fiz este apelo ao Ver. Lauro Hagemann porque muita coisa está
acontecendo no âmbito da SMIC.
Hoje, de manhã,
tivemos aqui uma reunião com comerciantes dos bares de
Ipanema, Ver. Omar Ferri, e
eles querem que seja dada uma
alternativa, com tempo,
para que eles possam se adequar a uma
situação de beleza, de paisagismo, de preservação
da natureza, mas eles
estão sendo coagidos de uma
tal forma prepotente, desumana,
que nós não
acreditamos nas razões que inspiram o Sr. Vasconcelos, pessoa
que conhecemos há muito tempo.
Por que a coisa
está sendo conduzida dessa maneira, por
que tamanha pressão? O jornal
de hoje,
a “Zero Hora”, noticia que
os fiscais da SMIC prenderam, no domingo, um humilde cidadão que vendia
filhotes no Brique. A mercadoria
dele foi apreendida. Então, o que
está acontecendo, Ver. Lauro Hagemann? São tantas
as coisas que
proliferam a cada dia!
Eu entendo que a cidade
de Porto Alegre
não está habituada
a métodos de
trabalho como esse e isso
me faz lembrar
um aspecto:
na época da
ditadura, às
vezes, aquelas
pessoas que estavam no terceiro, quarto,
quinto escalão eram autoritárias, prepotentes, às
vezes muito mais do que
seu próprio chefe. Havia
histórias da nossa universidade em que o
porteiro, o
vigia da universidade
era mais draconiano, mais duro que o
próprio reitor, porque recebiam
da instância maior aquele respaldo
para que exercessem
de maneira dura, de
maneira prepotente, maneira desumana, a sua atividade.
Então, fica aqui um apelo,
Ver. Lauro Hagemann, companheiros da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, para que esses
métodos sejam amenizados, porque
isso está trazendo uma intranqüilidade muito grande por parte
de vários segmentos
e, hoje, aqui,
nós trouxemos três exemplos, exemplos
significativos, exemplos de intranqüilidade que são gerados em
determinados segmentos. Se o objetivo da Administração Popular é organizar, é humanizar,
que isso seja
feito dando às pessoas que já
desenvolvem a sua atividade econômica o direito
de permanecerem no local.
Ninguém é contra
as suas preocupações
com a ecologia
e com o meio ambiente, mas
não se pode
usar da ameaça, do constrangimento, para fazer
disso armas de todos os
momentos. Parece-me
uma precipitação muito grande.
Então, fica
aqui o apelo, especialmente ao Ver. Lauro Hagemann, para que conduza
essa preocupação ao seu companheiro
Vasconcelos. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE:
Com a palavra, o Ver. Dilamar Machado, em Grande Expediente.
O SR. DILAMAR MACHADO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse
assunto levantado pelo Ver. Omar Ferri, secundado
pelo Ver. Castan, na realidade
é um assunto
de grande profundidade
e de grande
interesse para as cidades civilizadas e
organizadas. Eu lembraria que
esse tipo de
brique criado na Av. Osvaldo Aranha, há poucos
meses, ele
lembra muito o mesmo processo
que existe em Fortaleza,
na Praia do
Meireles, onde
uma das grandes
atrações turísticas daquela bela cidade
é a existência desses briques de artesanato
que funcionam aos sábados e
domingos à beira da praia,
inclusive no horário noturno, e
que transformam a Praia da
Iracema, a Praia do Meireles
num grande centro de animação
e movimento turístico e,
por conseqüência, de maior segurança
para os moradores
e para os
transeuntes. E o mesmo
sistema existe em várias cidades
da América.
No Rio de Janeiro, é conhecida
a Feira de
São Cristóvão e ali, no
Bairro Ipanema, também há uma
praça chamada General Osório, me socorre o
Ver. Ferri, onde todo o fim de semana tem
esse tipo de
brique, com grande movimento e principalmente com movimento turístico. Em
Buenos Aires é a famosa
Feira de San
Telmo, a
exemplo do que ocorre com
o Brique da Redenção.
Aos domingos, lembra o Ver. Omar Ferri, mais de
vinte quarteirões na capital uruguaia, Montevidéu,
são animados com feiras desse
tipo. Eu
moro a duas
quadras da Redenção, na
Rua Vieira de Castro, e
normalmente aos domingos saio a pé para ver o movimento
maravilhoso que é o Brique da
Redenção na José Bonifácio. Eu diria que não tenho a
menor dúvida que os integrantes
da Administração do Município e, particularmente, o Ver. Lauro Hagemann,
cujo Partido, que integra a Frente Popular, indicou o Secretário Municipal da Indústria e do Comércio,
haverão de sentar à mesa e examinar o assunto da
melhor forma. Eu não
vejo, honestamente, nenhuma razão
que justifique a retirada dos
artesãos da Osvaldo Aranha. Pelo contrário, vejo
todas as razões
para que a
Administração do Município se reúna com
a Casa Legislativa da Cidade,
com a Câmara
Municipal, e duvido que algum
Vereador, e inclusive da Bancada do Partido
dos Trabalhadores, vá dizer que
é contra a
permanência dos artesãos ali na Osvaldo Aranha. Pelo contrário,
se nós somos todos a favor, Ver. Isaac Ainhorn, o que nós temos
que fazer é
sentar com o Prefeito, com
o Secretário Vasconcelos, com o Diretor
da DLC, com
os Vereadores do PT, com
todos os companheiros, enfim,
e encontrar uma forma de manter, aumentar e
incentivar a presença daquela gente que ali
está fazendo o que mais
se precisa fazer neste País:
trabalhar, trabalhar para sobreviver, para
animar a Cidade, para dar um aspecto até
mais bonito, mais humano e mais poético ao
Bairro Bom Fim.
O Sr. Isaac Ainhorn: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Veja V. Exª que houve um
abaixo-assinado aqui dos Vereadores
que se manifestaram
solidários àquela permanência dos artesãos ali na
Redenção, onde exatamente nenhum problema causava, pelo contrário, animava aquela área. E
vejam o que está acontecendo na Cidade, e esse
é outro dado
que esta Casa
aqui não tem
conhecimento, mas que está
gerando um tumulto em relação
a isso.
Um grupo de
cearenses que para cá se
deslocou, num ônibus,
vendendo rendas e linhas,
sábado tomou conta de uma
área que já
tinha outra destinação em Porto Alegre, que é uma área de lazer tradicional
na Cidade,
que é o
Largo José Antônio Daudt. Saídos que foram
de lá, eles se deslocaram para uma área
onde as pessoas
ficaram indignadas, até porque
aquilo tradicionalmente tem sido um
local de encontro
das pessoas e que estava
prejudicando, e houve até uma
tentativa de conseguir dentro do parque uma área para localização deles, porque
junto àquele Largo, na Comendador Caminha, atrapalhava
justamente aqueles grupos tradicionais que se reúnem
ali para tomar
chimarrão. Vejam os males
que está causando
no contexto global da Cidade.
O Sr. Adroaldo Corrêa:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.)
A Bancada do
Partido dos Trabalhadores já conversou a respeito
dessa questão e se preocupou
em ter um
acompanhamento, até porque foi
solicitada a ter uma posição por
vários integrantes do Brique 2 ou
Brique da Osvaldo Aranha, e esse acompanhamento,
basicamente, se daria em função
de contatos com a Administração, com as
outras Bancadas e de verificar
dentro da Casa
o respaldo a essas posições e consultar principalmente
o interesse dos artesãos ali
localizados que estão cadastrados na Fundação Gaúcha
do Trabalho. Ali, naquele momento, se verificava
uma instalação alternativa, em caráter precário e provisório, com licença da
SMAM, que tem a orientação de não permitir a
ocupação de áreas verdes e
principalmente de áreas verdes nobres
e bastante freqüentadas, até por isso
o Brique se instala ali em
caráter provisório e tem a demanda
que tem nesse
momento.
Mas gostaríamos de dizer, do ponto
de vista pessoal, não da
Bancada, nós
temos um total
acolhimento à proposição de permanência, ainda que provisória, em busca de
um remanejamento maior do conjunto
das atividades na Cidade,
que deve ser
planejada - e nós temos
a obrigação disso na elaboração
da Lei Orgânica - para esses
espaços existentes na Cidade, com a definição maior
do ponto de
vista da cultura
e da integração
nas atividades dentro da Cidade.
E acolhemos a preocupação da Bancada do
PDT, que já
foi dado o
apoio, uma
solução de entendimento, ainda que esse
provisório nos relembre de alguma forma
o Mercado Público, a Praça Rui Barbosa que, de
provisória, está há doze anos
lá. Achamos que deve haver
uma intervenção no sentido de
preservar o direito ao trabalho
e a necessidade
de sobrevivência daqueles artesãos, até porque
artesão já fomos e dificilmente
encontramos nesta Cidade, à
época em que fomos, pela
década de 1970,
um local para expor o nosso trabalho.
O SR. DILAMAR MACHADO:
Agradeço o aparte de V. Exª e
lembraria aos nobres Vereadores que nós vivemos
um momento da economia brasileira
de profundo contraste. Temos, de um
lado, uma
minoria que detém hoje praticamente
todo o dinheiro
deste País,
todo o poder
monetário com um grupo muito
pequeno, mas
muito bem definido, os grandes
banqueiros, os grandes latifundiários, os grandes
cartéis que existem neste País, e
praticamente hoje cessaram, a não
ser a produção
básica indispensável para manter seu
lucro, mas
que hoje vivem
de uma ciranda
financeira insuportável, que nos
leva nesse mês de setembro
a uma inflação,
já admitida pelo Governo, de 35%, e uma
inflação prevista para outubro de
40%.
E os grandes
capitais se avolumam através de um sistema
criado pelo próprio sistema que se chama
overnight. Agora, o que é
que um artesão tem a ver com
o overnight? O que tem a
ver um pobre
comerciante do Bairro de Ipanema
com o overnight?
Eu entro, Srs. Vereadores da Bancada do PT, no assunto
do comércio de Ipanema.
Estiveram, aqui, pela manhã,
hoje, os
vinte e seis integrantes, Ver. Giovani Gregol, do chamado comércio de Ipanema.
Sabidamente, existem alguns problemas ali, mas,
também, onde não há problemas? Se nós
formos examinar os prédios licenciados na Rua
da Praia,
na Rua Uruguai, na Rua
General Câmara, na Rua Sete de Setembro, por certo encontraremos
irregularidades. Alvarás mal concedidos, a inexistência
de alvará,
gente que não
paga imposto, gente comprando
ouro velho no Centro.
Tem problema em tudo quanto
é lado da
Cidade. O
apelo que eu
quero fazer à Bancada do Partido
dos Trabalhadores, à Bancada do
Partido Comunista Brasileiro, através
do nosso querido
companheiro Lauro Hagemann, é no sentido
de que em
primeiro lugar seja sustada
a notificação. Há uma notificação
formal da Administração
dando prazo até o dia
09 de outubro; se até dia
09 de outubro os comerciantes não saírem de lá,
a Administração vai lá, fecha,
lacra e
não sei mais
o que vai
fazer, se
vai demolir as casas,
se vai transferir, não se
sabe o que vai acontecer.
O primeiro apelo é que
seja sustada a notificação;
segundo apelo: vamos reunir a
Casa, vamos reunir os Vereadores desta Casa, vamos
discutir nas Bancadas, o PDT, o PCB, o PDS, o PT, o PSB,
o PMDB, enfim, todos os
Vereadores da Casa. Por
que não ouvir
as duas partes? É um direito
da Administração dar a sua
política de concessão ou não
de alvarás?
É. Agora, é um dever
da Câmara Municipal
acompanhar os problemas como esse dos artesãos
da Osvaldo Aranha e como esse dos
comerciantes do Bairro Ipanema.
O Sr. João Dib:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.)
Nobre Ver. Dilamar Machado, tem o meu
apoio quando fala dos feirantes
lá no Parque Farroupilha, mas
quando se trata
dos homens lá de Ipanema,
quero dizer a V. Exª, para
que não se
faça injustiça, durante
quatro anos eu tentei -
três como Prefeito e um como
Secretário do Governo – equacionar e resolver o problema. Nunca tive
apoio daqueles moços lá.
Ao contrário, fui obstaculizado, fui razão
de chacota,
inscrições nas árvores, inscrições
no leito da
rua. E
ficaram eles tão preocupados que quando o
rio levou a
metade da Avenida, disseram:
“O Prefeito agora não recupera”. Pois foi
a primeira obra que recuperei. Muito cuidado
com os moços
de Ipanema.
O Sr. Antonio Losada: V. Exª permite um aparte? (Assentimento
do orador.)
Ver. Dilamar Machado, a preocupação do Vereador com relação ao
Brique 2, na Osvaldo Aranha é justa.
Agora, há
também a responsabilidade
que a SMAM tem na preservação
das praças,
na preservação dos verdes,
das áreas de
uso comum da
população. Mas essa questão
dos artesãos está sendo estudada. Inclusive, a
gente que participa
da BLC
tem um voto
favorável no sentido de que
os artesãos retomem aquele espaço lá por se tratar
de uma ocupação
só pela parte da manhã.
Com relação ao problema de Ipanema, dos bares, há uma
exigência da comunidade e a
comunidade tem um peso muito
grande nas decisões da Administração
Popular. E
aí que se
dá o conflito
maior. Ninguém
conhece melhor a zona,
os problemas que existem ali, do que
os moradores, a comunidade
daquela região. Está se
buscando uma alternativa que também corresponda aos interesses dos moradores daquela região. Muito obrigado.
O SR. DILAMAR MACHADO:
Agradeço a V. Exª pelo aparte que vem ao encontro do que estou dizendo. É claro
que também temos que ouvir a comunidade, mas o que estou apelando à Bancada do
Partido dos Trabalhadores é que se abra espaço para uma negociação. Mantida a
notificação, dia 09 de outubro é o prazo final e poderá, aí, ocorrer o
conflito, porque tem gente em Ipanema com trinta e dois anos de permanência no
comércio daquela região. Existem bares que têm o alvará de licença da própria
SMIC. Então, haverá um conflito, ou pode haver uma medida judicial. Não vai
servir os interesses da Cidade acabar, de uma hora para outra, com o comércio
de Ipanema. Expulsar de lá os seus moradores e comerciantes não vai render
frutos políticos para ninguém. O meu apelo é no sentido de que se sente ao lado
do bom senso, Ver. Gregol.
O Sr. Giovani Gregol: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Dilamar Machado, em
primeiro lugar, V. Exª tem razão quando diz que não cometem irregularidades só
artesãos nos centros comerciais e em vários locais da Cidade. Nesse sentido é que
o jornal Zero Hora de hoje, na página 41, diz que a SMIC está lançando o
Projeto Cidade, que vai fazer o recadastramento dos estabelecimentos comerciais
de toda a cidade de Porto Alegre. Em segundo lugar, eu queria dizer que a nossa
Administração não está só a cata de votos, nós gostamos muito, pedimos votos,
mas não colocamos os nossos interesses eleitorais acima do interesse da Cidade.
Quando V. Exª e a sua Bancada falam da questão dos artesãos da Osvaldo Aranha,
acredito que têm razão. Eu, pessoalmente, concordo com V. Exª nesse sentido,
mas quando tenta fazer a situação dos comerciantes, dos bares, das boates à
beira do Rio Guaíba semelhante àquela, erra totalmente, é um sofisma muito
claro. Há muitos anos aqueles estabelecimentos são notoriamente descumpridores
da lei e agressores do meio ambiente e até hoje, como testemunhou o nobre Ver.
João Dib, foi impossível retirá-los dali. Mas, naquele sentido, não há nenhum
radicalismo, porque a nossa Administração, desde o início do ano, está tentando
negociar e já estamos no final do mês de setembro e foi dada a opção de
permanência até, se não me engano, o ano que vem, e aqueles estabelecimentos
não querem assinar, exigem a garantia da sua permanência indefinida no local,
coisa que V. Exª sabe que é irregular, ilegal e imoral. Não vamos permitir
isso.
O SR. DILAMAR MACHADO:
O Ver. Gregol fez duas confusões, não sei se propositadamente ou de boa fé. Em
primeiro lugar, em momento algum disse que o PT estaria misturando voto com
administração. Não disse isso, não me referi a isso e tampouco o faria,
Vereador. O segundo equívoco de V. Exª é que não comparei um caso com outro. O
caso dos artesãos da Osvaldo Aranha é completamente diferente, estão ali, sob
licença, há poucos meses. O comércio de Ipanema tem gente há trinta anos lá.
Também não estou dizendo que eles são regulares, não sei se estão parcial ou
totalmente irregulares. O que estou pedindo à Administração de V. Exª é que se
sente à mesa, converse com os moradores, com os comerciantes, ouça os
Vereadores, ouça as partes, enfim, não tomar uma medida unilateral como a que
foi tomada, uma notificação dando prazo até o dia 09 de outubro para sair ou
vão lá e lacram. Se não houver diálogo, Vereador, vai ocorrer o que ocorreu com
o bar Carinhoso, vai lá a fiscalização, fecha e depois o Prefeito manda abrir
porque foi, efetivamente, uma atitude pouco inteligente de quem fez.
Faço esse apelo à Bancada do PT, ao Ver. Lauro Hagemann, para que
sentemos e tentemos negociar politicamente a questão e suspender a notificação.
Depois vamos examinar; se o que o Ver. Gregol diz for verdade, garanto que a
Bancada do PDT fica a favor do fechamento do comércio. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo Corrêa): Para uma Comunicação de Liderança, a palavra com o Ver. Lauro
Hagemann.
O SR. LAURO HAGEMANN:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, hoje à tarde parece que coube à SMIC ser o
saco de pancadas da Casa. Gostaria de tranqüilizar os companheiros Vereadores
no sentido de que a SMIC não está fazendo nada que saia apenas da cabeça do seu
Secretário, do seu titular. O que a SMIC está fazendo é um trabalho cuja
responsabilidade está distribuída por toda a Administração e é o resgate da
campanha política que redundou na eleição da Frente Popular para a Prefeitura
de Porto Alegre. Em primeiro lugar, quando o atual Secretário, membro do PCB,
João Carlos Vasconcelos, uma criatura que posso afiançar é dotada do mais
extraordinário bom senso que se possa admitir, quando assumiu a SMIC, foi
procurar o cadastro da situação do comércio, da indústria da Cidade, não
encontrou absolutamente nada. Hoje se estima que 40% da Cidade esteja ilegal.
Não estou acusando ninguém, é uma constatação. A primeira coisa, e está nos
jornais de hoje, é que se está fazendo um levantamento do comércio, da
indústria, dos alvarás e inserir neste contexto algumas questões que estão
acontecendo e que talvez não precisassem acontecer.
Na questão da feira do artesanato, há uma tratativa, nós não somos
infensos a negociações, é um processo que diz muito de perto à Associação dos
Artesãos, a todo esse complexo humano que ali quer se instalar. A Administração
Popular disse na campanha e está tentando fazer valer isso, que não veio para
complicar a vida da Cidade, apenas a minoria não teria privilégio em prejuízo
da maioria. Isso é uma questão assente e vai ser observada, mas nós estamos
conversando, não há nenhum ato arbitrário, prepotente, de força. No caso de
Ipanema, o Ver. Giovani Gregol já disse há pouco, foram oferecidos todos os
recursos possíveis. Tenho aqui comigo o texto de compromisso que foi oferecido
aos locadores, entre aspas, da área, e que todos, absolutamente todos, se
negaram a assinar, e sequer compareceram à SMIC.
Hoje, e agora um detalhe que convém ter sempre presente, a SMIC é acusada
de muita coisa, mas ela sozinha não tem essa responsabilidade, é uma
responsabilidade coletiva da Prefeitura. No caso dos artesãos, a questão é com
a SMAM, então a administração é da Secretaria do Meio Ambiente, não é da SMIC,
a SMIC fornece o alvará quando todos os setores da Prefeitura concordarem. E o
caso de Ipanema é a mesma coisa, existem construções irregulares em Ipanema e
aí não é com a SMIC, aí é com a SMOV, e é ela também que já se pronunciou sobre
isso. Hoje, a questão da Praia de Ipanema está na Procuradoria-Geral do
Município, não está mais nas mãos da SMIC. Ninguém vai demolir casa de ninguém.
Por favor, tenham essa compreensão. Foi dado um prazo razoabilíssimo, mas há a
intenção muito concreta de contestar a vontade da Prefeitura em regularizar a
orla de Ipanema. E essa contestação não vai ser aceita de braços cruzados. Não
vamos cometer nenhuma indignidade, nenhuma injustiça e nenhum ato de força
contra ninguém, mas a Praia de Ipanema vai ser de toda a Cidade e não daqueles
que, a pretexto de montarem um bar, construíram uma residência na beira da
praia. Isso é que precisa ficar bem claro.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Em
Grande Expediente, com a palavra, o Ver. Gert Schinke.
O SR. GERT SCHINKE: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, vou aproveitar esse meu tempo de Grande Expediente
para trazer à tona um problema que acho da maior relevância. Há dias atrás,
exatamente no dia 16 de setembro, verificamos, a maioria de vocês devem ter
visto a denúncia, mais um daqueles tantos escândalos que já estamos acostumados
a ver neste País, do caso das batatas contaminadas no Estado de São Paulo,
através da “Folha de São Paulo” – diga-se de passagem, um jornal que tem
contribuído muito ultimamente para elevar o nível da grande imprensa no Brasil.
O caso das batatas contaminadas, no meu entender, ainda não tomou a
repercussão que deveria ter tomado. Há dias atrás, e interessado nos dados, eu
investiguei que nada mais, nada menos do que cerca de mil toneladas de batatas
foram contaminadas com o tal produto chamado Niantina - que é à base de
mercúrio, que foi utilizado na plantação de batatas no Estado de São Paulo, em
várias cidades, em várias fazendas - e, posteriormente, comercializadas.
Aqui tem, na própria reportagem mostra a localização no Estado de São
Paulo, do centro produtor da batata, que envolve uma dezena de pequenos
Municípios e que produz a maior parte das batatas que são comercializadas na
Região Sul e Sudeste do Brasil, inclusive grande parte das batatas que são
consumidas em Porto Alegre! Eu pergunto para os senhores e para as senhoras
quem é que de vocês, nos últimos dias, não comeu batata? O Ver. João Dib não
comeu batata nos últimos dias, mas talvez possa ter comido há cerca de um mês
ou há cerca de dois meses. O que garante, Ver. João Dib, que V. Exª não comeu
batata contaminada que veio de São Paulo? Eu lhe diria francamente: nada lhe
garante isso, porque nada garante que aqueles agricultores que aplicaram
aqueles agrotóxicos não os tenham utilizado já há muito tempo. Apenas naqueles
dias, entre os dias 14 e 16, é que esta denúncia veio a público, porque houve
uma análise; houve uma suspeita e foi feita uma análise laboratorial daquelas
batatas.
Muito bem, a partir do momento em que a batata é produzida naquela
região, ela é distribuída para regiões do Brasil, notadamente se dirige à Ceasa
das diversas capitais. No entanto, até o produto chegar à Ceasa, existem
algumas escalas pelas quais o produto passa. Ele é repassado para uma
cooperativa, depois a cooperativa repassa para um atacadista e o atacadista
revende para um novo atacadista do mercado, aqui no Estado, e este, por sua
vez, vende para uma rede de supermercado. Esse itinerário é conhecido, não só
no caso das batatas, mas ele é comum praticamente a todos os hortifrutigranjeiros.
No entanto, pasmem, caros colegas Vereadores, dias depois, o Secretário
da Saúde do Estado, Antenor Ferrari, declara solenemente que todo o esquema da
batata está sob rigoroso controle. Eu fiquei um pouco preocupado quando escutei
esta notícia, porque eu duvido que a Secretaria de Controle e a Divisão de
Vigilância Sanitária tenham condições de controlar por onde passa a batata até
ela chegar à Ceasa. Aliás, nem ao menos a Ceasa tem a garantia desse controle,
porque o controle da entrada dessas batatas no Rio Grande do Sul é feito via
nota fiscal que acompanha os caminhões. E quando a nota fiscal indica a
procedência de uma cooperativa de Santa Catarina ou do Paraná, obviamente está
se tentando provar que ela não vem da cidade de São João da Boa Vista,
portanto, não se trata das tais batatas contaminadas. Isso é uma falácia! Isso
é tentar enganar o povo, isso não é verdade!
Depois que foi feita a denúncia, nesse caso das batatas, se procedeu
exatamente igual ao caso do milho contaminado aqui no Rio Grande do Sul, onde
aquelas toneladas foram desviadas, mudando o itinerário do transporte, para
mostrar e provar à população que aquele milho não provinha daqueles plantios
contaminados. Exatamente, repete-se mais uma vez, no caso das batatas, as empresas
e as transportadoras encarregadas de trazer essas batatas que provêm daquela
região de São Paulo, estão se valendo desse mesmo artifício, estão
introduzindo, sim, batatas no Rio Grande do Sul, contaminadas. Recentemente,
ainda, há dias atrás, na quarta-feira, entraram trinta toneladas na Ceasa, de
procedência de São João da Boa Vista, comprovado com notas fiscais, inclusive.
No entanto, o Secretário da Saúde declara nos jornais que não tem problema, não
se alarmem, porque nós estamos controlando, fiscalizando.
Na verdade, a luta no controle dos agrotóxicos, na fiscalização da
aplicação dos agrotóxicos, que se dá lá no campo, inclusive no que toca à venda
dos agrotóxicos, é uma luta muito antiga. Em 1984, nós tivemos a primeira
vitória do Movimento Ecológico no Brasil que, graças aos nossos companheiros
daqui do Rio Grande do Sul, especificamente os companheiros Flávio Lewgoy e
Sebastião Pinheiro, que foram os redatores da primeira Lei Estadual dos
Agrotóxicos, tivemos uma repercussão e uma grande vitória. No entanto, a Andef,
que é a Associação Nacional dos Defensivos Agrícolas, assim chamados, nós os
chamamos de agrotóxicos, que é o sindicato que reúne as grandes indústrias que
produzem os agrotóxicos, conseguiu derrotar, a nível legal, no Superior Tribunal
Federal, na época, as leis em quatorze Estados brasileiros, o fruto do nosso
trabalho, notadamente desses dois companheiros que a redigiram e que teve
repercussão nacional, foi copiada em quatorze Estados.
Essa luta, portanto, não vem de ontem, nós tivemos essa derrota, grave,
sim, para a população, para a saúde da população brasileira, em 1987, quando
foi argüida a inconstitucionalidade das nossas leis; em 1988, nós tivemos mais
uma derrota, que foi a nível de Constituinte, onde nós não tivemos aprovado
aquele artigo que se referia ao controle de determinados agrotóxicos que nós
queríamos proibir no Brasil, a exemplo do que é proibido em outros países. No
entanto, a Niantina, que foi utilizada nas batatas, é um dos mercuriais, um dos
agrotóxicos já proibidos no Brasil há muitos anos. E foi utilizada lá no Estado
de São Paulo. Na verdade, o preço da Niantina favorece a todo tipo de manobra
para a sua comercialização, porque ela é comercializada a apenas 8 cruzados o
quilo, enquanto outros agrotóxicos custam, no mínimo, 30 ou 50 cruzados o
quilo. Talvez seja o impulso para que muitos agricultores se aventurassem a
cometer um crime contra a população, o que foi cometido com o uso da Niantina,
que é um mercurial cumulativo no corpo humano. É um crime e merece punição. Nós
queremos que essas pessoas que utilizaram esse agrotóxico, que é proibido no
Brasil, sejam punidas e que isso sirva de exemplo para que não aconteça mais.
Mas a inoperância do Estado é muito grande. Na verdade, o nosso Estado,
para fiscalizar o uso dos agrotóxicos e, inclusive, para ter o controle
daqueles já proibidos, não está adequadamente equipado. Eu já me referi a isto
num pronunciamento que fiz aqui, lá por janeiro ou fevereiro, quando das
denúncias do Estado em que estavam os depósitos da Secretaria de Saúde, lá em
Viamão e aqui em Gravataí, caindo aos pedaços, onde a chuva entrava, fazendo
com que vários agrotóxicos ficassem expostos às intempéries, podendo,
inclusive, vazar para dentro do Rio Gravataí. Nós, porto-alegrenses, depois,
vamos tomar essa água.
Notem que não estamos falando em tapar buracos, não estamos falando de
uma lâmpada queimada na esquina de uma rua qualquer da Cidade, nós estamos
falando de um processo de contaminação que compromete a saúde de toda a
população da Cidade. Nós queremos que a Ceasa forneça e mostre, publicamente,
todas as listas de controle da entrada das batatas dos últimos trinta dias no
Rio Grande do Sul e prove, para a população do Porto Alegre, mais de um milhão
de habitantes, que as batatas que estamos comprando nos supermercados não estão
contaminadas com esses produtos. Fazemos um apelo aos companheiros Vereadores
para que nos ajudem a enfrentar esse problema, porque não é um problema pequeno
e, no caso das batatas, apenas apareceu a público.
Sabemos que a utilização dos agrotóxicos é extremamente grande no
Brasil, largamente utilizados, muitos que são proibidos em outros países, e
temos que enfrentar isso de frente e corajosamente, com medidas enérgicas, e
nesse sentido faço um apelo para a Bancada do PMDB, que governa este Estado,
para que pressione o Secretário Antenor Ferrari para que tome medidas imediatas
e urgentes para enfrentarmos o problema, para que não passemos mais por um
problema como foi o da contaminação do milho, com o abate, há dois anos atrás,
de milhares de aves, e o enterramento de milhares de ovos que já estavam sendo
comercializados na Grande Porto Alegre e, notadamente, na fazenda dos padres
jesuítas, em Salvador do Sul. Vocês devem lembrar. E o que custou isso, não só
para a fazenda, mas para a saúde? Isso é incalculável, não tem preço, pois a
saúde de muitas pessoas ficou comprometida.
Pensem no que significa a contaminação pela Niantina, que é mercúrio,
ela age sobre as células do cérebro, danifica o cérebro e compromete o
patrimônio genético das pessoas. Amanhã ou depois, crianças vão nascer
defeituosas, e quem poderá provar que foi por culpa da ingestão, por parte da
mãe, de algumas dúzias de batatas, ou por aquela criança recém-nascida? Quem
poderá provar? Ninguém, e, no entanto, às custas disso e para enfrentar o
problema, é o Estado quem vai arcar com estes custos para enfrentar a saúde
debilitada de toda a população. Portanto, nós dissemos que o que está sendo
feito é um crime e este crime tem que ser severamente punido.
Nós convidamos todos os Vereadores para estarem presentes num
depoimento que nós convocamos por parte da Comissão de Saúde e Meio Ambiente,
quinta-feira, às dezesseis horas. Convidamos o Secretário de Saúde e Meio
Ambiente do Estado, convidamos o DNA, convidamos o geneticista Flávio Lewgoy,
um químico que conhece profundamente essa questão, convidamos a Sociedade de
Agronomia e também as entidades ecológicas. Portanto, nós queremos reiterar,
participem desta iniciativa porque nós temos que enfrentar esse problema de
perto e urgentemente. Sou grato.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Lauro Hagemann): Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em primeiro lugar, eu gostaria de registrar,
tomando como referência a tendência principal das intervenções de hoje no que
concerne ao Brique da Osvaldo Aranha e à reivindicação que fazem as senhoras e
os senhores artesãos, ela nos parece absolutamente justificada. Pelo que
entendi dos entendimentos e as negociações com as Secretarias do Município que
devem arbitrar esta decisão, a maioria dos problemas estão removidos e se
trata, portanto, de parte da nossa Bancada, de reforçar as gestões que estão
sendo feitas neste sentido e este vai ser o nosso compromisso.
Não é a mesma coisa algo que de alguma maneira se repete com freqüência
em nossa Câmara, a extrema dificuldade que existe para executar toda aquela
decisão sobre pequenas questões, especialmente na área da SMIC, e eu acho que
isto não pode ser abordado caso a caso. Não pode ser abordado sempre pelo lado
que sempre parece oportuno e sensato, de analisar o caso em particular, de
compreender as circunstâncias individuais e humanas daquela que pede esta ou
aquela tolerância em relação aos aspectos de regulamentação da Cidade.
Eu penso que esta é a tradição que antecede a Administração Popular. Eu
não sei se nós vamos sucumbir ao mesmo estilo que, normalmente, não só em Porto
Alegre, nos antecedeu, sempre tem um jeitinho e sempre os pequenos problemas não
têm importância. Eu recordaria, estando no fim de semana passado em São Paulo,
por ocasião da reunião do Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que
nas tradicionais conversas com os taxistas, dos quais se recolhe muito da
sensibilidade popular em relação aos problemas, ele me dizia que a fiscalização
em relação aos táxis estava sendo muito rigorosa na gestão da Prefeita
Erundina, e eu, aproveitando o longo trajeto até o aeroporto, tratei de me
informar. E ele, de uma maneira muito equilibrada, reclamava o que lhe parecia
um pouco de excesso e indicava numa passagem, dizia: “Bom, até extintores de
incêndio os fiscais estão tratando de verificar se estão efetivamente
carregados ou não”. E eu lhe perguntei se isso se faz de forma regular, se há
algum tipo de arbitrariedade ou se trata, simplesmente, de uma verificação
conforme prevê a lei. Ele disse: “Não se trata disso e inclusive foi aumentado
o número de fiscais, foram contratados oitenta fiscais para uma fiscalização
precisa dos táxis”. Parece, portanto, uma história corriqueira do dia-a-dia e,
afinal, se os pneus estão bons ou o carro está mecanicamente bem, que história
é essa de chatear para ver se os extintores também estão em condições?
É exatamente esta desqualificação de que problemas aparentemente
secundários não devem merecer a atenção pública e deve ser o contrário, o
descumprimento desse tipo de regra deve ser a escada através da qual ou o
serviço público, ou o Vereador, ou o Prefeito e seus Secretários acumulam
prestígio político junto às pessoas interessadas. Esse tipo de deformação, que
é absolutamente extenso e tradicional dentro da sociedade brasileira, nós
estamos tentando enfrentar, e certamente isso nos trará problemas do ponto de
vista político em curto prazo, e temos uma grande consciência dessa questão. E,
inclusive, temos errado, aqui, acolá, com menor mal, é previsível para quem
chega à Administração. Mas eu gostaria de dizer que essa banalidade do extintor
de incêndio pode ser fatal o seu não-funcionamento numa circunstância determinada.
Então, as coisas têm sentido e têm lógica e toda uma série de regulamentações
que nós temos frente a nós cumprem determinadas funções, mas na verdade do povo
brasileiro, na tolerância e na flexibilidade excessiva dos legisladores, de
fato, não tem importância.
Então, o tema, por exemplo, dos bares de Ipanema, ele tem vários
aspectos complexos. O primeiro deles, que aquelas terras não poderiam ter sido
nunca ocupadas, que são terras marinhas, todo mundo sabe que é assim. Segundo
aspecto: há problemas de poluição que começam a se constituir pelo uso numa
área que não está prevista para isso. Terceiro: se estabelece uma proposta de
negociação, e o Ver. Lauro Hagemann indicou isso, na qual se os proprietários
atuais estivessem de acordo com uma negociação que implicava inclusive em
transportar e garantir a eles novos espaços de exploração do seu comércio, eles
ficariam lá até 15 de maio de 1990, enquanto se faria a transição de uma
situação para a outra. Evidentemente que esses cidadãos não estão dispostos a
sair de lá, porque se eles não querem nem assinar e nem comparecer à
Secretaria, significa que para eles não há negociação e a única negociação é
eles ficarem lá exatamente como estão. Porque se a passagem fosse saírem de lá
para lugar nenhum, claro que seria extremamente dramática a situação de cada um
desses trabalhadores que têm a sua atividade lá. Mas é que na verdade um dos
lados, e a própria intervenção do Ver. João Dib confirma isso, tem uma posição
extraordinariamente transigente, de qualquer maneira, porque, na nossa função,
nós estamos dispostos a discutir essa questão.
Mas eu tenho certeza absoluta, porque eu tenho os registros aí do
dossiê desse assunto, essas negociações começaram dia 15 de abril. Nós temos
praticamente seis meses de idas e vindas e discussão. Não é um ato de
violência. O que há é a dificuldade de enfrentar o cumprimento de regras
elementares que mexem com questões de higiene, com a preservação da área, com
critérios ecológicos, com a locação devida ou indevida daquele espaço e que
entra, na verdade, em colisão com um projeto mais global, uma espécie de Plano
Diretor para toda a orla do Guaíba, que se articula com uma visão global de
recuperação deste rio e suas margens. Evidentemente que, longe de uma atitude
primária e uma atitude desrespeitosa com pessoas que trabalham há muito tempo e
há muitos anos, existe a lógica de que esta Cidade precisa ser administrada e
que os problemas reais de uma cidade muitas vezes são simples, correspondem a
decisões que são eternamente postergadas, porque elas não trazem nenhum
benefício político, elas entram em colisão com os interesses daqueles que ali
estão e daqueles que eventualmente virão.
O Sr. Giovani Gregol: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exª tem toda a razão,
inclusive eu gostaria de enfatizar de novo que as entidades ecológicas do
Município de Porto Alegre, inclusive a Agapan, da qual eu faço parte, e outros
Vereadores desta Casa, sempre se manifestaram questionando a forma como
permanecem e questionando o dano ambiental de construir mais um puxadinho aqui,
mais um pouquinho ali, mais uma casa ali, o que acontece é que já há muito
tempo estão aqueles proprietários, aqueles estabelecimentos comerciais e de
outro tipo. Inclusive, gostaria de lembrar que hoje pela manhã houve uma
reunião dessas pessoas, e é um direito seu, com alguns Vereadores desta Casa.
Eu, como Vereador interessado no problema e há anos envolvido, não fui
convidado – não sei se foi o caso de Vossa Excelência. V Exª foi convidado.
Admiro-me que o Ver. Dilamar Machado aqui da tribuna pediu que os Vereadores se
interessem, que a Prefeitura, que já está sentando e conversando e já cansou de
conversar e continua querendo dialogar, se interesse. O que há, sim, é uma
iniciativa completamente radical, intempestiva daqueles que lá permanecem. Hoje
de manhã se fez aqui uma Sessão e eu pelo menos não fui convidado. Acho que
todos os trinta e três Vereadores deveriam ser convidados para conversar com
esses senhores, porque eu teria muito interesse em ouvi-los e certamente eles
também teriam em me ouvir.
O Sr. Vicente Dutra:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Queria reafirmar a minha
surpresa que hoje estando no meu gabinete ouvi rumores aqui no Plenário,
cheguei à porta ali e encontrei uma grande reunião aqui, com a participação
apenas dos Vereadores e de um Deputado do PDT.
O Sr. Vieira da Cunha: Mas era uma reunião da Bancada do PDT.
O Sr. Giovani Gregol:
Mas estava sendo transmitida pelos alto-falantes.
O Sr. Vicente Dutra:
Mas acho que esse assunto, que diz respeito a toda a Cidade, deveria ter a
participação de todos os partidos. Ou será que nós, de outros partidos, somos
leprosos, perante o PDT, para tratar desse assunto?
O Sr. Dilamar Machado:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só para esclarecer aos
nobres Vereadores Gert Schinke e Vicente Dutra que a comissão de comerciantes
do Bairro Ipanema procurou, hoje, a Bancada do PDT. Que eu saiba, já procurou
também a Bancada do PDS, do PMDB e do PT. Como o Ver. Gert e o Ver. Vicente
Dutra ainda não se decidiram pela Bancada do PDT, não foram convidados, foram
só os Vereadores do PDT.
O Sr. Luiz Machado: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou atento ao seu
pronunciamento, Ver. Flávio Koutzii e agradeço o aparte concedido. Esse
episódio dos bares de Ipanema já iniciou no início da nossa Legislatura. Este
Vereador foi procurado na época e procurou o Secretário. O Secretário não abriu
mão, disse que ia até as últimas conseqüências. O Governo da Frente Popular
disse “não” a qualquer negociação que não seja a de retirar aqueles
comerciantes que estão lá trabalhando. Resumo da história: procuraram o
Presidente desta Casa e, depois, saiu na imprensa escrita que ele havia
negociado com o Executivo, que dava um prazo de mais seis meses àqueles
comerciantes. Final da história: continua a novela. Três dias depois, sai uma
manchete nos jornais dizendo que o prazo estava findo para os comerciantes. A
saída é sempre negativa aos comerciantes. Então, se hoje teve uma reunião aqui,
este Vereador também não foi comunicado. Agora, respeito a decisão do
Executivo, porque se isso vem se arrastando desde o início da Legislatura, tem
que ser tomada uma decisão e o Governo tem que agir da maneira que achar que
está certo. Agora, nós, o Legislativo, temos que participar dessa decisão.
O Sr. Vieira da Cunha:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Só quero dar um
esclarecimento, Vereador. É que a reunião foi feita com a Bancada do PDT,
inclusive o próprio orador pode me fazer justiça, fui um dos que disse aos
comerciantes que para a próxima reunião tinham que ser convidadas todas as
Bancadas. Aliás, eles me disseram que já estavam sendo procurados os Líderes de
Bancada a fim de se posicionarem. Hoje mesmo, no início da Sessão, procurei o
Líder do PT, Ver. Flávio Koutzii, a fim de convidá-lo a se fazer presente na
próxima reunião, assim como todos os demais Líderes de Bancada desta Casa.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Gostaria
de concluir, dizendo que a nossa Bancada considera um compromisso participar da
retomada desse debate, se aqui se der, mas quero deixar claro, desta tribuna,
que considero, conforme colocou o Ver. Luiz Machado, que de abril até aqui
transcorreram seis meses, houve negociações dois meses antes e entre abril e
setembro e o prazo de 9 de outubro é, exatamente, o final desses seis meses.
Consideramos e respeitamos os critérios da Prefeitura e da SMIC; sabemos que
estão levando isso com a maior seriedade e critério e partimos para essa
reunião com essa caracterização: o que há é uma posição absolutamente
inflexível dos responsáveis pelos bares da orla de Ipanema. Sou grato.
(Revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE:
Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Vicente Dutra, solicitando
Licença para Tratar de Interesses Particulares, dois dias, a contar do dia 26
do mês em curso. Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
Passamos à
PAUTA – DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC. Nº
2582/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 045/89, que autoriza o Executivo Municipal a abrir
créditos suplementares no valor de NCz$ 34.084.041,00, e dá outras
providências.
PROC. Nº
1989/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 107/89, de autoria do Ver. Giovani Gregol, que
institui a obrigatoriedade de Programa de Educação Ambiental, a nível
curricular, nas escolas de 1º e 2º graus do Município.
PROC. Nº
2528/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 141/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
denomina Acesso Odeth Alves dos Santos Rosa um logradouro público.
PROC. Nº
2529/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 142/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
determina que o Município de Porto Alegre adotará, nas escolas municipais que
possuírem classes-cadeira, o fornecimento para alunos sinistros (canhotos).
PROC. Nº
2526/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 139/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
denomina Jessú Dilemando Oliveira Silva um logradouro público.
PROC. Nº
2527/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 140/89, de autoria do Ver. Luiz Machado, que
denomina Rua Círio Amaral de Oliveira um logradouro público.
PROC. Nº
2332/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 024/89, de autoria do Ver. Valdir Fraga, que concede o título honorífico de
Cidadão Emérito ao Jornalista Juarez Antônio Bittencourt Fonseca.
PROC. Nº
2491/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 028/89, de autoria do Ver. Gert Schinke, que cria bicicletário na Câmara
Municipal de Porto Alegre.
PROC. Nº
2502/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 029/89, de autoria do Ver. Gert Schinke, que institui a separação do lixo na
Câmara Municipal de Porto Alegre, em todas as suas dependências.
2ª SESSÃO
PROC. Nº
2415/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 134/89, de autoria do Ver. Omar Ferri, que concede o
título honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Senhor João Batista Marchese. Urgência.
PROC. Nº
2428/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 135/89, de autoria do Ver. Cyro Martini, que
denomina Acesso Ruy Manoel Christini um logradouro público.
PROC. Nº
2483/89 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 137/89, de autoria do Ver. Adroaldo Corrêa, que
denomina Rua Antonio Candido Ferreira (BAGÉ) um logradouro público.
3ª SESSÃO
PROC. Nº
2476/89 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 043/89, que autoriza a subscrição de ações da
Companhia Carris Porto-Alegrense e dá outras providências.
PROC. Nº
2437/89 – PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 025/89, de autoria do Ver. Gert Schinke, que institui a solenidade “Plantio de
Árvores dos Constituintes Municipais” dentro da área da Câmara Municipal de
Porto Alegre. Urgência.
O SR. VIEIRA DA CUNHA (Questão de Ordem): Sr. Presidente, nós temos ainda o período de
Comunicações para o qual estão inscritos quatro Vereadores, entre os quais este
Vereador. Eu perguntaria se não deveríamos antes abrir o período de
Comunicações para depois discutir a Pauta.
O SR. PRESIDENTE: V.
Exª tem razão, a Mesa fez uma troca, tendo, portanto, se equivocado. Eu
perguntaria se haveria inscritos para a Pauta.
Inscritos o Ver. Adroaldo Corrêa, que desiste; Ver. Artur
Zanella, ausente; Ver. Wilson Santos, ausente.
Passamos às
COMUNICAÇÕES
A palavra com o Ver. Luiz Machado, por cedência de tempo do Ver. Wilson
Santos.
O SR. LUIZ MACHADO:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu estava atento ao pronunciamento do Ver.
Gert Schinke, onde ele se pronunciou sobre as batatas contaminadas e, de fato,
defendendo a nossa saúde, o que é dever do homem público. Eu apóio o Vereador
nesta parte, quando é a saúde pública que está em jogo.
Eu gostaria de alertar que a Vila Restinga, a rua principal, João
Antônio da Silveira, esquina com Edgar Pires de Castro, não sei quem autorizou,
do Governo Municipal, há várias tombadeiras, ou seja, tem, mais ou menos,
amontoadas na beira da estrada, dez toneladas de lixo. Isso na área urbana. E
eu peço ao Ver. Gert Schinke, que é atuante, eu gostaria que lutasse ao lado
deste Vereador, porque isso também é saúde e se sabe, perfeitamente, que é
proibido o lixo ser depositado em área urbana.
Portanto, infelizmente, Vereador, tenho que lhe dar essa notícia que
não vai lhe agradar, mas conto com a sua força, com a sua participação para
saber quem autorizou os homens da Prefeitura a depositar lixo em área urbana,
na entrada da Vila Restinga, principalmente num terreno de mil metros
quadrados, está na beira da faixa, João Antônio da Silveira, esquina Edgar
Pires de Castro. Por certo, V. Exª, se chegar até lá, vai me dar força e vamos
resolver juntos esse problema da nossa Cidade, da nossa saúde, principalmente.
Também, vamos falar dos nossos amigos comerciantes do Bairro Ipanema,
que têm trabalhado tanto para o nosso bem, principalmente em época de verão,
são os comerciantes que nos atendem. Quero afirmar que este Vereador foi o
primeiro Vereador nesta Legislatura a falar sobre os bares de Ipanema,
infelizmente nada foi feito naquele momento. Procurei o Governo da Frente
Popular e o que me foi dito é que era uma decisão que de maneira nenhuma o
Secretário voltaria atrás, dando apenas um prazo para que os comerciantes
deixassem o local. Era uma decisão já tomada naquele momento, março ou abril.
Na época, comuniquei aos comerciantes essa decisão. Logo após, teve um
Vereador, nosso companheiro, que também entrou nesta luta e levou mais tempo,
dando mais um prazo aos comerciantes. Acho que agora é evidente que cabe ao
Executivo, junto com o Legislativo, decidir de uma vez por todas essa questão
que está trazendo uma preocupação aos nossos companheiros comerciantes de
Ipanema.
Também queria aproveitar esse espaço do nosso companheiro Wilson
Santos, que tão gentilmente me cedeu o seu tempo, para falar nesta área que
eles chamam da Marinha, na beira do nosso rio, porque é muito fácil tirarmos os
comerciantes que são pobres trabalhadores e que estão ali ganhando o seu pão
para sustentar sua família. E aqueles grandes proprietários que têm sua praia
particular? Eles avançaram na praia. Se há dois pesos para uma medida, vamos
colocar a coisa certa. Se é verdade que o Governo vai decidir em retirar os
comerciantes, que também sejam atacadas, principalmente, as famílias mais
abastadas onde avançaram na praia e, principalmente, há lugares, até no Lami,
onde não têm trânsito na beira da praia.
Então, quero que a decisão seja tomada, não unilateral, mas uma decisão
justa para todos.
O Sr. Giovani Gregol:V.
Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Luiz Machado,
eu, ouvindo V. Exª, quero dizer que concordo quando afirma que tem que se achar
uma solução justa e principalmente uma solução justa para todos, para a
comunidade porto-alegrense. E, de preferência, não seria ruim ressaltar, dentro
da legalidade, cumprindo a lei, que está sendo descumprida ali há muitos anos.
Inclusive, o próprio Ver. Dilamar Machado, S. Exª disse há pouco da tribuna,
defendendo a permanência ali, daqueles estabelecimentos, que alguns estão lá há
mais de trinta anos ilegalmente. Então, isso me causa espécie e me causa
revolta porque jurei defender a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre no
dia 1º de janeiro aqui. Agora, é completamente ilegal a permanência lá.
Então, a nossa Administração, desde janeiro, está discutindo e agora
sugeriu um contrato provisório até maio do ano que vem, que eles,
peremptoriamente, estão se negando sequer a cogitar. Eu pergunto: quem é o
radical nesta história, a Administração? Creio que não. Quanto aos ricos que lá
estão, eu não sei – fazendo um parêntese – se lá naqueles estabelecimentos
todos são pobres. Eu creio que tem gente que ganha muito dinheiro ali, Ver.
Luiz Machado. Mas quanto aos donos das praias, eu pediria a V. Exª que me desse
os nomes, porque eu, imediatamente, assumo aqui compromisso de honra com V.
Exª, farei de tudo que estiver ao meu alcance para que este tipo de problema
cesse. Eu gostaria de que V. Exª desse nomes, para que nossa Administração
possa agir.
O SR. LUIZ MACHADO:
Este Vereador vai trazer aqui endereço por endereço. Agora, quero contar – já
que ficou nos Anais da Casa – que V. Exª vai assumir este compromisso de junto
com o Executivo decidir, principalmente, o que é justo, pois não é possível
retirarmos os comerciantes e deixarmos famílias ricas que se adonaram da praia,
não deixando sequer o trânsito na beira da praia. É esta a minha revolta. Que
haja justiça nesta decisão. Que as leis sejam para todos.
O Sr. Vieira da Cunha: V.
Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já que o Ver. Giovani Gregol
pede os nomes, eu já adianto dois. V. Exª pode transmitir e eu já transmito: os
maiores clubes de futebol do Estado do Rio Grande do Sul, o Grêmio, que está
aterrando a beira da avenida, e mais o Sport Club Internacional, que está
fazendo ali, para todos que queiram ver, entre a Vila Cai-Cai e a atual área do
Parque Gigante, um aterro irregular que já foi objeto de um Pedido de
Informações deste Vereador. O Ver. Giovani Gregol pode começar com esses dois
clubes.
O SR. LUIZ MACHADO:
É muito importante o seu aparte, porque quando chega na hora do dinheiro, na
hora do tubarão, dificilmente alguém bota a mão. Se estão levando do lado dos
comerciantes de Ipanema, porque é área da Marinha, se estão levando para esse
lado, por que não levar para os ricos, para os mais abastados e somente para os
trabalhadores?
O Sr. José Valdir:
V. Exª me permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não entendi o
pronunciamento de V. Exª, se V. Exª está querendo que se deixe livre a praia
para todo mundo ocupar ou se generalize esse procedimento para todos?
O SR. LUIZ MACHADO: Cumprir
a lei para todos. Esse é o meu posicionamento.
O Sr. José Valdir:
Então está correto e tem que ampliar ainda.
O SR. LUIZ MACHADO:
Sim, principalmente
no Lami, o abaixo-assinado
no Lami, de pessoas
que se adonaram
da praia.
O Sr. Antonio Losada:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Luiz Machado, a SMIC, a
Administração Popular, já está
tomando providências quanto ao terreno
ocupado pelo Internacional e pelo Grêmio,
já estão sendo
feitos os contatos.
O SR. LUIZ MACHADO:
É que fica um alerta, ali
não é área
da Marinha também?
O Sr. Vieira da Cunha:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador,
para o Grêmio
e o Internacional,
conversações; para os pequenos comerciantes
de Ipanema, prazo fatal para
cumprirem as decisões. Dois pesos e duas
medidas.
O SR. LUIZ MACHADO:
Mas nós estamos
aqui no Legislativo
até mesmo para
estar ao lado
daqueles que querem trabalhar pela nossa Cidade, para o
progresso da nossa Cidade.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.) Parece que o que nós
falamos não é entendido,
parece que nós estamos falando
grego ou então
tem aqueles surdos que não
querem ouvir, porque
o tempo todo
nesta tribuna se falou de
um processo de negociação que já iniciou
há alguns meses atrás, desde
abril. Então, estão falando
nisso e,
ainda, com
todos os esclarecimentos, o Ver.
Vieira da Cunha faz esse tipo
de colocação. Parece que
é surdo, que não quer ouvir.
O SR. LUIZ MACHADO: Agradeço o seu aparte e queria, mais uma vez,
afirmar que conto com o
apoio de todos os Srs. Vereadores. Nós, junto com o Executivo, vamos resolver
a situação dos comerciantes de Ipanema,
mas num bem
comum, que
seja dado a
eles um prazo
longo, se
não houver uma decisão imediata, para que
eles possam, nesse próximo
verão, trabalhar, sustentar suas
famílias. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O próximo Vereador inscrito em Comunicações
é o Ver. Vieira
da Cunha.
O SR. VIEIRA DA CUNHA:
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
Bancada do PDT foi efetivamente
procurada, através do Dep. Carlos Araújo,
que é morador
daquela região, das Zona Sul da Cidade,
para ouvir e se colocar
a par dos
acontecimentos entre a Prefeitura Municipal e os comerciantes
de Ipanema.
Recebemos, aqui, creio que
a unanimidade dos comerciantes, já que, segundos dados
que nos foram
passados, tratam-se
de vinte e seis comerciantes estabelecidos, alguns há
mais de trinta
anos, como
já foi dito
aqui, naquela
área da Cidade. Queremos dizer
o seguinte,
em primeiro lugar: nenhum
Vereador foi ou será excluído desta negociação política. Este
Vereador, inclusive, como Líder
da Bancada do PDT,
coordenou a reunião. E
a reunião terminou, exatamente,
com uma proposta
de minha autoria
de que na
próxima quinta-feira, às dez
horas, neste mesmo Plenário, fosse
realizada uma outra reunião,
para a qual
fossem chamados todos os Líderes
de Bancada com representação na Casa.
Exatamente porque esse problema não é problema
de um partido
político, não
é um problema
exclusivamente do PDT, tampouco um problema
exclusivamente do PT e do
PCB, que estão
na Administração. Parece-me que é um problema tão sério,
que envolve vinte e seis famílias
e que envolve
o uso e
a disciplina de uma das
áreas mais utilizadas e concorridas para o lazer dos
porto-alegrenses, que deve e tem
de envolver a discussão com
todos os Vereadores
desta Casa.
Aproveito, inclusive, a oportunidade e formalizarei depois
por escrito a todos os
Líderes, para convidar a que
todos, na
próxima quinta-feira, às dez
horas, se façam presentes nessa reunião com os comerciantes
de Ipanema.
A impressão que tive, e
não foi só
a impressão, a informação
que tive é
exatamente contrária à posição trazida, desta tribuna, pelo Ver. Flávio
Koutzii, Líder do PT. Os comerciantes disseram, em
alto e bom
som, que
estão abertos à negociação,
inclusive concordam que lá existem
alguns estabelecimentos em situação irregular. Eles estão
dispostos, e disseram isso
aqui, a nós, a regularizar
suas situações, estão dispostos
a dialogar.
Mas, segundo
seus testemunhos, eles sequer
são recebidos na Secretaria Municipal da Indústria e
Comércio. Mandam, segundo disse
o seu representante, ao Departamento Jurídico, e o
próprio Ver. Lauro Hagemann, aqui desta tribuna, disse que
o assunto está
agora com a
Procuradoria-Geral do Município.
Ora, se
o assunto está
com a Procuradoria-Geral do Município, e esse
é o órgão
jurídico da Prefeitura de Porto Alegre,
é porque parece
que se fecharam
os espaços para a negociação
política, porque, quando se
quer fazer um acordo e
a pessoa diz
"vai falar
com meu advogado",
está aqui o Ver. Omar Ferri prestando atenção, é
porque ela já está a
fim de discutir
a questão em
juízo. Se
ela estivesse aberta à negociação, a um acordo, sentar-se-ia a uma
mesa e conversaria, a fim de chegar
a um denominador
comum.
Pois é exatamente a retomada da
negociação política que nós pretendemos
fazer. Se
houve, até
agora, intransigência
de uma parte
ou de outra, o que
nós estamos propondo é que as partes voltem
a sentar.
E não me
parece que haja um órgão
com mais legitimidade, em Porto Alegre, para fazer
essa intermediação que o Poder
Legislativo. Não a Bancada
do PDT,
tampouco a
do PT,
ou do PSB, mas o
Poder Legislativo como Poder,
como órgão,
que faça essa
intermediação entre Executivo e comerciantes de Ipanema.
Tendo certeza de que,
a partir desse
momento, com
a nossa intermediação, nossa,
de todos os
Vereadores desta Casa, representados
pelo Poder Legislativo, haveremos
de encontrar novos caminhos, novas soluções. Acho até, e tenho
em minhas mãos
o termo de
compromisso proposto pela Prefeitura com os comerciantes, que esse
documento pode, sim, ser a base
inicial das conversações, porque não
pareceu que haja intransigência por parte dos
comerciantes. Parece-me, isso
sim, já
que o assunto
está no nível da Procuradoria-Geral do Município, que a
intransigência passa a ser do
Poder Municipal.
Mas, Ver. José Valdir, acho
que a partir
da reunião de quinta-feira, e desde
já convido todos os Partidos a participarem, para que
façamos uma reunião democrática, com todos
os Partidos com representação nesta Casa, poderemos
trilhar novos rumos e resolver a
situação. Repito, de parte
dos comerciantes há boa vontade,
expressa e evidente, para resolver
o problema.
Um aparte ao Ver. José Valdir.
O Sr. José Valdir:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre
Vereador, sou novo na Casa
e sempre disposto
a aprender,
quase todos os assuntos são
novos e
procuro aprender com os Vereadores
mais antigos, quando estamos
discutindo. Estou querendo formular uma opinião a respeito
do mérito e
até agora não
consegui aprender com os Vereadores
mais antigos e faço duas
perguntas: em primeiro lugar, se a permanência dos comerciantes na orla é legal; em segundo
lugar, se
permanência deles traz benefícios para a Cidade, ou é prejudicial, ou indiferente
a permanência deles. Gostaria
de saber qual
é a posição
do PDT.
O SR. VIEIRA DA CUNHA:
Sob o ponto
de vista legal, não vou
dar um parecer
pelo simples fato de que
acho que não
é uma questão
para ser discutida
sob o ponto
de vista jurídico
e sim político. A segunda questão
que V. Exª coloca são os comerciantes
estabelecidos ali há vinte anos, alguns há
trinta anos. Portanto,
se não houvesse
uma demanda, se não
houvesse o uso daquele estabelecimento, certamente eles já teriam falido. Portanto,
há gente que se utiliza daquele
espaço, porque
senão, não
se justificaria a existência há
trinta anos daquele comércio. Agora,
V. Exª quer a posição do PDT
e eu lhe
dou agora:
nós estamos ao lado daqueles
comerciantes. E se o Governo de V. Exª quiser o confronto, nós vamos
para o confronto. Não é
o caminho que
nós queremos, não é o caminho que o
PDT quer.
Agora, se o Governo
quiser o confronto, eu adianto
a V. Exª, nós estaremos ao lado
daqueles comerciantes. E vou
dizer mais,
eles só moram lá dentro dos seus
bares porque existe uma política
de habitação do Governo Federal
incapaz de resolver os problemas
de habitação na Cidade,
porque V. Exª há de convir comigo
que ninguém gosta de dormir
e viver com
a gordura e
com uma situação
de um bar
ou de um
restaurante. Eles vivem lá
por absoluta necessidade. E
se lá eles
têm a sua
moradia e se lhes for dado
um prazo razoável
para que eles
possam, através
de uma via
de financiamento ou mesmo através
do Município, que tem o
Departamento Municipal de Habitação,
resolver o que seu problema
de moradia,
não tenho dúvida. Eles não
estão lá porque
querem, mas
por absoluta necessidade de moradia.
O Sr. José Valdir: (Aparte anti-regimental.)
Eu quero saber
se V. Exª é a favor de que esse
tipo de comércio
se propague pela orla.
O SR. VIEIRA DA CUNHA:
Se V. Exª permitir que eu, como orador, defina sobre
a ordem dos
apartes,
eu cedo ao Ver. Omar Ferri o aparte.
O Sr. Omar Ferri:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu
estou acompanhando com muita atenção
o discurso de Vossa Excelência. Eu estou reclamando
é ao Sr.
Presidente da Casa. É
que esses dias
um discurso meu foi meio
emocionado, aí o Presidente
me interrompeu dizendo que me poderia ocorrer algum problema de coração.
Eu quero advertir
a V. Exª: vá
com calma em matéria de comerciantes
de Ipanema,
é muito melhor
falar sobre a garota de
Ipanema. Calma,
Sr. Vereador.
O SR. VIEIRA DA CUNHA:
Eu estou calmo, Ver. Omar
Ferri, inclusive
o Ver. Lauro Hagemann, que é o
nosso bombeiro, é o homem que gosta
de colocar panos quentes,
no bom sentido, a fim
de que os
nossos debates ocorram num nível de
calma e de tranqüilidade, eu já disse
a ele que
no meu caso
não há problema
de advertência, que é
a minha maneira
de me expressar. Eu só
me expressei nesse sentido um pouco mais
enfático, porque
não entendo a posição do
Ver. José Valdir. Não está
em causa a discussão jurídica, se é legal ou se
não é.
É uma questão
política, para
nós resolvemos politicamente. Nós estamos dispostos
a negociar.
A Bancada do
PDT está disposta, quinta-feira próxima, a
discutir com todos os Partidos
com representação nesta Casa e
fazer a intermediação - que aliás
é uma das
nossas tarefas enquanto Poder - entre os
interesses daqueles comerciantes e os interesses do Poder Executivo.
E ele me perguntou
qual é a
posição da Bancada do PDT
sobre o assunto. Muito bem, se houver
impasse, nós
ficaremos ao lado dos comerciantes
de Ipanema.
Respondi às questões que ele
colocou. Agora, se quer
fazer ouvidos de surdo,
não quer ouvir, a culpa
não é deste
Vereador que ocupa a tribuna.
Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: O próximo orador inscrito em Comunicações é o Ver. Vicente
Dutra.
O SR. VICENTE DUTRA:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, realmente, o Ver. Omar
Ferri lança um desafio para
que este Vereador venha à tribuna
e fale sobre
a "Garota
de Ipanema".
E ele,
sem querer,
dá o mote do
nosso pronunciamento, porque exatamente
a cidade do
Rio de Janeiro
e, particularmente, a zona
franca turística de Ipanema é
vendida não só no Brasil,
mas em todo
o mundo. Todo
o mundo, quando
se refere ao
Brasil, lembra
de Ipanema,
Copacabana, por quê?
Porque lá são vendidas exatamente as belezas que
se destacam em tudo de
bom que existe
naquela região.
E é sobre turismo que eu
quero falar, Sr. Presidente, porque hoje
tínhamos aqui a presença de
autoridades turísticas e, ao que parece,
vieram fazer um convite à
Câmara Municipal para que a
Câmara dê um
apoio a um
grande evento turístico que congregará agências de turismo de
todo Brasil, promovido pela
ABAV, aqui em Porto Alegre.
É evidente que a Câmara,
pela simples presença das autoridades
turísticas dentro do Plenário,
já vai dar
todo o apoio possível desta Cidade, deste
Legislativo, a esse evento.
Mas queria convidar os Srs. Vereadores, aproveitar este
ensejo desse grande evento que ocorrerá
em Porto Alegre, para que
nós façamos uma reflexão e, quem sabe, até na
Lei Orgânica possamos avançar algumas coisas em relação ao
desenvolvimento do turismo aqui em Porto Alegre e
no Estado. Ora, é sabido que o
nosso Estado detém um potencial
turístico extraordinário. É uma
região que apresenta uma cultura muito própria, muito
típica. Nós temos um linguajar próprio, uma vestimenta
própria. Nós
temos comida típica, nós temos
uma cultura e uma história,
tudo isso formando
elementos essenciais para que aqui possa se desenvolver
o turismo.
Temos diversas regiões em nosso Estado. Dizia-me uma vez
Dom Antônio Cheuiche que alguns húngaros que aqui estiveram
para implantar os trens,
quando ele esteve na Hungria, disseram:
“Olha vocês têm o maior
país do mundo”. E ele corrigia: “Não,
não é o
País, aquilo
é uma parte do grande Brasil”. “Não,
é país,
sim”, diziam
eles, “nós
sabemos que é uma parte, mas é
país porque ali tem, em todas
as regiões,
planaltos, montanhas, vocês
têm um litoral
extraordinário, vocês têm planícies, têm desertos, têm tudo”. Tudo que
tem no mundo, tem um
pouco aqui no Rio Grande do Sul.
Temos a colônia
italiana, temos
a colônia alemã, com as
coisas típicas que apresenta,
temos essa miscigenação das raças com o
índio, com
o negro, que
formam um caldo cultural extraordinário no nosso
Estado.
Agora, não temos uma consciência turística, lamentavelmente, não temos, por exemplo, em Porto
Alegre, um centro de convenções, isso é a maior barbaridade, não
tem um centro
de convenções em Porto Alegre. Eu tive oportunidade, quando Diretor do DMLU, de participar
de centros de convenções em Florianópolis, em Curitiba, em Camboriú. Em São
Paulo há vários
centros de convenções,
quatro ou cinco; Rio de Janeiro nem se fala, todos os
lugares. Em
Olinda tem centro de convenções, em Recife
também tem,
eu participei dos dois.
Em Porto Alegre
tem um centro
de convenções acanhado, de
difícil acesso, que é na verdade
um grande esforço
do Sr. Schmitt, no Plaza
São Rafael.
Louvores sejam dados ao Schmitt, porque com seus
recursos conseguiu fazer aquele centro
de convenções. Mas não
basta, centro
de convenções tem que ser
um lugar amplo, de fácil estacionamento, de fácil
acesso, se
possível com hotel cinco estrelas, com todo
o conforto para atrair gente de todo o Brasil. Pode fazer
qualquer tipo de convenção aqui
em Porto Alegre, qualquer tipo
de evento,
manda convite e vem todo mundo para cá. E eu tive
essa experiência, eu fiz aqui um
pequeno encontro, eu achava
que seria pequeno, não tinha a pretensão de fazer
um grande encontro
e mandei por
mandar convite para todas as
capitais brasileiras e mais cinqüenta cidades de porte
médio, encontro
de educação voltada para limpeza
urbana, no
Centro Administrativo, onde vai ser feito
aqui o encontro da ABAV e, para
surpresa minha, vieram 99% dos convidados. Veio gente do Acre, Amapá,
do Macapá,
Rio Branco,
Recife, de
todo lugar do Brasil,
das cidades de porte médio
que tinha convidado, atraídos por
essa mística que o Rio Grande do Sul enseja, querem
conhecer o nosso Estado, tem
as fronteiras com a Argentina, com o
Uruguai, enfim, tudo isso
é um ponto de atração, só não temos
centro de convenções
e não temos
uma consciência turística.
Cedo o aparte ao Ver. Luiz Machado.
O Sr. Luiz Machado:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.)
nobre Vereador, estou atento ao
seu pronunciamento e queria me congratular
com V. Exª sobre o centro de
convenções, porque a panificação deixou de ter
o seu congresso daqui a dois anos
aqui em Porto
Alegre por não ter centro
de convenções. É um dos congressos que há mais
de trinta anos
existe no Brasil
e que comparecem
panificadores de toda região do
País, com mais
de três mil panificadores, e nós, gaúchos, lá em
Natal, não pudemos reivindicar o próximo congresso em Porto Alegre,
Rio Grande do Sul, por falta de
um centro de
convenções. V. Exª levantou uma discussão
de grande interesse, principalmente para nossa categoria, e maior
interesse do nosso Estado e do nosso
País.
O SR. VICENTE DUTRA: Muito bem. Obrigado pela
sua contribuição.
O Sr. Ervino Besson:
V. Exª permite um aparte? (Assentimento do
orador.)
Nobre Vereador, V. Exª traz hoje na
tribuna um assunto de grande
importância. Concordo plenamente com o que o
Ver. Luiz Machado disse. Veja
bem que a
Capital do Estado do Rio
Grande do Sul não tem um
centro de convenções, e chega a
ser vexatório nos nossos encontros, nos nossos
congressos de panificação, porque
nem sequer a gente pode
se inscrever. O Presidente
do nosso Sindicato tem que se
retrair para não colocar nosso
Estado para sediar uma convenção, porque não temos
local. É
lamentável que a Capital do Estado
no Grande do
Sul não tenha
local e não
tenha um centro
de convenções. Portanto,
o seu pronunciamento
é de grande importância, talvez
seja um caminho
aberto para nós termos aqui, em breve, um centro
de convenções. Sou grato
a Vossa Excelência.
O SR. VICENTE DUTRA: Tenho conversado com empresários sempre que os
encontro em uma ou outra solenidade
e toco nesse assunto. Dizem
que já tentaram, a FIERGS tentou, também a
Associação Comercial, então sinto que
o empresário gaúcho é pouco audacioso. Temos que
ter mais audácia, mais vibração
e se não encontrarmos aqui um empresário que deseje enfrentar
a construção de um grande
centro de convenções, que se
vá buscar em São Paulo.
Não temos que
ter esses escrúpulos: por que
tem que ser
a prata da casa? Nada.
Nós temos que
ter aqui o
serviço, porque é ele que vai
trazer o enriquecimento
e o desenvolvimento dessa grande indústria
que é o turismo. Para quem
viaja para fora do Brasil, sabe quanto
o turismo representa para países da Europa. A
Europa hoje desenvolveu a sua indústria,
mas o seu
desenvolvimento se deve muito mais
à indústria turística, porque
o empresário de Porto Alegre
que vai lá
fazer turismo, acaba adquirindo, fazendo negócios
paralelamente. Por isso se desenvolveu a Itália,
a Alemanha.
Continuo dizendo que temos condições de fazer feiras
como as que
existem, por
exemplo, na Alemanha, que
são quase do
tamanho de Porto Alegre.
É evidente que teremos que
batalhar pela segurança, que
é o grande problema, hoje, do Rio
de Janeiro,
que tem todas
aquelas belezas, mas o povo
não se sente tranqüilo lá,
teremos que batalhar por mais limpeza, enfim, todo
um esquema de conscientização, via escola
pública, via escola privada, campanhas que
o Governo terá que ensejar junto ao empresariado, às associações que intermedeiam a sociedade civil
com o Governo
para desenvolver essa grande indústria
que é promissora e que traz grandes resultados econômicos e sociais para o País.
Porto Alegre está situada numa
posição estratégica privilegiada. Dizia Érico Veríssimo, e as pessoas que vêm
a Porto Alegre confirmam, é
uma das cidades
mais bonitas do mundo.
Não é exagero, Porto Alegre
é uma cidade bonita, pode ser
maltraçada,
ela foi maldesenhada, mas
isso é corrigível. Esse estuário, com as
dezessete ilhas, não tem
nenhum lugar do mundo igual. Os alemães
que vêm aqui
ficam loucos vendo isso.
Graças a deus
essas ilhas ainda estão intactas, nem
10% estão
ocupadas, é só utilizar o
potencial turístico que têm.
Temos os morros, mal
ocupados pelas vilas, mas isso também é contornável.
Podemos retirar aquele pessoal de lá, colocá-los em lugares mais adequados
e utilizar aquilo como centro de atração turística. Devemos refletir
sobre tudo isso a fim
de que na
nova Lei Orgânica
que vamos promulgar
possamos definir algo a respeito
de montar uma
estrutura turística aqui em Porto Alegre. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: A palavra o Ver. Giovani Gregol, em Comunicação
de Liderança.
O SR GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quase sem
exceção, todas as Sessões desta
Casa são notabilizadas
por algum assunto
que alguma Bancada de oposição, notadamente a Bancada do
PDT, traz.
Pretendendo com essas novidades, entre aspas, com essas
denúncias, com muitas aspas, trazer aqui
assuntos através dos quais se
possa desgastar a Administração Popular. Algumas
são velhas, como esse caso lá
dos comerciantes que ocupam,
segundo o próprio
Ver. Dilamar Machado, ilegalmente e ilegitimamente aquela área de
preservação natural e de lazer para
todos os porto-alegrenses, e não apenas alguns,
há mais de
trinta anos e bateram e
rebateram que nós, Administração, nós, Partido
dos Trabalhadores, nós, Partido Comunista
Brasileiro, somos radicais e não queremos dialogar. Mas já
foi dito e é notório na Cidade – amanhã ou depois vou
trazer inclusive os recortes dos
jornais que certamente os Vereadores da Bancada do PDT
têm em seu arquivo ou pelo
menos deveriam ter, mostrando
que desde o
início do ano
a nossa Administração procura uma solução
para isso.
Solução essa que não foi
procurada e que não foi encontrada
em três anos
inteiros da Administração Alceu Collares e da Administração do PDT em
Porto Alegre. E me causa muito espanto, muita contrariedade, quando o
Líder de uma
Bancada, de
um partido importante, que
ora pleiteia inclusive a Presidência
desta República, e que, mais ainda,
é advogado,
diz desta tribuna
que a lei
não importa, a lei não
interessa. Interessa, segundo
o Ver. Vieira da Cunha,
discutir politicamente. Mas que
política é essa que desconhece
a lei que
defende a terra
de preservação ambiental, a terra
de utilização pública e que
o Ver. Vieira da Cunha acha
que não é
importante cumprir? Diz ele:
temos que resolver
politicamente. Essa política,
precisamente, é a política
contra a qual
se coloca e
contra a qual
inclusive foi criado o Partido dos Trabalhadores e que a nossa
Administração não vai levar adiante. Isso causa
muita contrariedade.
Outra tentativa é fazer de coitadinhos, de pobrezinhos esses comerciantes. Eu não
conheço, não
tenho a declaração de renda de
nenhum. Admito
que muitos deles não são
ricos, são
de classe média,
e o nosso
Partido tem uma política que
contempla os interesses dos pequenos proprietários deste País,
até dos médios
proprietários, principalmente os do campo, e
os pequenos empresários. Mas
certamente alguns deles têm bastantes recursos que, inclusive, foram obtidos através daquela atividade que é bastante lucrativa, daí o
motivo pelo qual não querem
dali se retirar, através de
muitos anos.
Também foi dito outro sofisma, e eu pedi
ao Ver. Luiz Machado que dissesse
o nome daqueles
ricaços, segundo
ele, que
ocupam as casas
na praia.
Assumi esse compromisso pessoalmente e pessoalmente digo que vou cumprir
esse compromisso de tudo fazer, na órbita
deste modesto Vereador, para que
as margens do Rio Guaíba, pelo menos
no Município de Porto Alegre, fiquem livres
para usufruto
de toda a
população, tanto na área
de Ipanema,
nas chamadas praias de Ipanema
e Guarujá,
como em todo o resto da orla. E o
Ver. Vieira da Cunha me citou
dois nomes,
os dois maiores
clubes de futebol
do Estado,
o Grêmio e
o Internacional, e disse que
com eles nós
queremos negociar e com os
outros nós não queremos,
quando foi mais do que
dito e está
mais do que
comprovado, e ninguém vai
nos fazer engolir
essa mentira, de que
a nossa Administração
não negociou, está negociando. Agora,
de novo,
me causa muita
espécie o fato
de que o
Ver. Vieira da Cunha, tão ocupado
com a utilização, segundo ele
irregular, das margens do
Guaíba pelo Grêmio e pelo Internacional, nada tenha feito
como Vereador desta Cidade e durante três anos,
estando ele nesta Casa e
o seu Partido
na Prefeitura, nada tenha
feito, nada, absolutamente nada, para
dali retirar aqueles clubes. E agora,
como oposição, vem gritar, como
oposição vem exigir. É
muito estranho.
Mas nós vamos fazer aquilo que
a Cidade precisa,
e aqueles que gostam apenas de chamar a atenção
para os problemas
quando não lhes compete a
responsabilidade de resolvê-los, esses terão
o julgamento da história.
Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Passamos ao período de
Com a palavra, o Ver.
Cyro Martini.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, não
poderia deixar de registrar nos
Anais desta Casa a data de hoje
e o significado dela para o
trânsito. Em
31 de junho de 1969, através da Resolução
nº 420, o
Conselho Nacional de Trânsito instituiu
a Semana Nacional
Educativa do Trânsito ou Semana
Dedicada ao Trânsito, Semana
Nacional do Trânsito. Então,
temos aí que
registrar, hoje, esta
data. É verdade que vivemos, com
relação à administração do trânsito,
por força de
um lamentável equívoco da nossa
Assembléia Estadual Constituinte, um período de crise, um período
em que a
mágoa se abateu
sobre muitos servidores públicos que dedicaram a sua vida à administração do trânsito, que
dedicam o seu empenho àquela administração e que foram humilhados, enxovalhados por adjetivos indignos no esforço que
eles têm perpetrado, têm levado
a efeito na
administração do trânsito, no
Detran, no Rio Grande do
Sul. Mas
o futuro dirá do equívoco,
do erro cometido
pela nossa Assembléia Estadual Constituinte.
A Semana Nacional do Trânsito,
de 18 a 25 de julho, foi este ano
coordenada pelo Conselho Estadual de Trânsito e levou a efeito uma série de
atividades, todas elas sempre
de caráter pedagógico, de
caráter persuasório, de caráter conscientizador. Vivemos
um período muito delicado no tráfego nacional, onde as
nossas rodovias e as nossas
vias urbanas apresentam um quadro muito preocupante, muito deplorável, com cerca
de cinqüenta mil mortes por ano, como se
estivéssemos vivendo uma guerra brutal, uma guerra
violenta. E essa guerra do
trânsito é uma guerra não
declarada, não é contra alguém
especial. Entretanto, mata cinqüenta
mil pessoas por ano, pessoas
no gozo perfeito
de sua saúde, das crianças
aos velhos; mata estupidamente por esse Brasil
afora. Então, fica aqui
o nosso registro
relativamente à Semana
Nacional de Trânsito, para que na sua
21ª edição surta efeitos e conscientize mais os nossos
motoristas com relação às responsabilidades
que eles têm
no trânsito, aos perigos
que o trânsito
apresenta e aos números brutais, terríveis,
apresentados pelo importuno trânsito nacional. Também
queremos lembrar a responsabilidade do pedestre para
o bom andamento
das coisas no tráfego urbano
e rodoviário.
Então, fica aqui consignado nosso registro e o nosso louvor pela
iniciativa do Sistema Nacional de Trânsito, do Conselho
Estadual de Trânsito e do Departamento Estadual de Trânsito,
assim como também da Prefeitura, que participa
desse processo e das entidades que, de um modo geral, colaboraram
para esta Semana
Nacional Educativa de Trânsito. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra,
o Ver. Giovani Gregol.
O SR. GIOVANI GREGOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
queria aproveitar o final da
Sessão de hoje
para falar de um pequeno
problema, mas
muito importante, e dizer
que, na
semana passada, nós, gaúchos, o Estado
do Rio Grande do Sul como
um todo,
corremos o risco de uma
grande catástrofe ecológica, entre
outras, que, felizmente,
não se concretizou. Os jornais
da Cidade,
várias atitudes, inclusive deste
Vereador que lhes fala, têm
chamado atenção e alguma coisa,
pouca, tem
saído na imprensa
a respeito dessa questão do transporte de cargas perigosas por via fluvial
no sistema Lagoa dos Patos, Rio Guaíba
e seus formadores. Sobre isso
nós voltaremos a falar e
a tratar nesta
tribuna e nesta
Casa, inclusive
na Comissão da qual eu
sou Vice-Presidente, Comissão de
Saúde e Meio
Ambiente.
Mas agora eu quero ressaltar outro assunto. A categoria dos mergulhadores profissionais entrou em greve há
pouco mais de uma semana.
E são esses trabalhadores que fazem a
manutenção permanente, porque assim
o exigem as
técnicas atuais, do terminal petrolífero
da Petrobrás em Tramandaí,
que, como
se sabe,
transporta por via submarina,
por um conduto
submarino, grandes quantidades de petróleo cru,
daquele terminal ao lado
do qual fundeiam
os navios petroleiros
até o oleoduto que vem da
Refinaria Pasqualini. E já há muitos anos
a imprensa noticia quando há mau funcionamento, ou má manutenção, ou quando
não há cuidado
na manipulação daquele terminal, os problemas
que sofrem os banhistas e
o meio ambiente
geral daquela região do nosso
litoral, especialmente
os banhistas de Tramandaí.
Mas agora é muito mais grave, porque ao entrar em
greve, por
justas reivindicações, a direção
da Brasil Marine, empresa que
presta serviços à Petrobrás,
e com conhecimento
da direção da Petrobras,
contratou, chamou mergulhadores de todo o
território brasileiro que quisessem trabalhar, substituindo aqueles profissionais que estavam em
greve por motivos
justos. Só
que, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esse
tipo de trabalho
é um trabalho altamente especializado,
no qual a
convivência, a intimidade do trabalhador - no caso,
do mergulhador que trabalha em altíssimas profundidades, correndo,
inclusive, risco de vida
bastante alto - com seu
objeto de trabalho, o oleoduto, o submarino, é extremamente
importante e é obrigatoriamente recomendado por todas as
convenções internacionais, por todas
as normas técnicas, para o
bom andamento desta função,
qual seja, a manutenção, a
fiscalização permanente e
a ação rápida no caso de
um vazamento, de um acidente
naquele oleoduto. E esses profissionais
que foram contratados
por essa empresa, com conhecimento, repito,
da Petrobras, não têm
nenhuma intimidade com aquele oleoduto que ali se localizava. E acontecerão
acidentes.
O Sindicato da categoria, acompanhado
pelo Sindicato dos Fluviários e Marítimos do Estado
do Rio Grande
do Sul, lá
esteve levando a fiscalização da DRT,
Delegacia Regional do Trabalho, e no
exato momento em que se
encontravam no local, examinando
as condições de trabalho,
um dos mergulhadores
quebrou a perna. Quer dizer, aconteceu um
acidente de trabalho. Nós mesmos
denunciamos esse problema, porque, em caso
de acidente nesse oleoduto, aqueles profissionais que estavam num
número bem menor que o normal
e que não
tinham familiaridade com aquele oleoduto, não conseguiriam
deter qualquer tipo de vazamento
e o petróleo
em grande quantidade se espalharia por
todo o litoral
do Estado do
Rio Grande do Sul,
causando danos irrecuperáveis
ao ambiente, à pesca, enfim, a todas
as atividades econômicas que acontecem em nosso litoral e à natureza em geral.
O Delegado da DRT no
Estado, Dr. Vinícius Pitágoras Gomes, foi
sensível a esses reclamos, à gravidade dos fatos e,
após tentar delimitar essa atividade, acabou
proibindo totalmente o trabalho de
profissionais que não aqueles devidamente
contratados para exercer aquela atividade. De
forma que, sustando, então, o próprio
funcionamento do oleoduto e impedindo o
risco, extremamente
grave, de
um acidente que poderia ali
acontecer a qualquer momento.
Trago este assunto, apesar de
superado, para
mostrar a esta Casa a gravidade dos fatos que
poderão se repetir novamente e certamente irão se repetir, como
já se repetiram
em outras oportunidades
anteriores. E nós, Câmara de Vereadores
de Porto Alegre, nós, comunidade rio-grandense, não podemos
permitir que esse tipo de
coisas se repita, porque depois
só vêm os
lamentos e os danos são
completamente irreparáveis. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o
Ver. Ervino Besson.
O SR. ERVINO BESSON:
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, companheiro de luta que
está aí nas
galerias, Sadi, que nos
honra muito com sua visita
hoje a esta
Casa. Vou
aproveitar e chamar novamente a atenção
para um problema
que Porto Alegre, Capital do
Rio Grande do Sul,
enfrenta: é
o fato de
não termos aqui um centro
de convenções. Eu me
recordo do penúltimo Congresso Nacional de Panificação,
em Blumenau. Lá nós
estávamos presentes e comentávamos
com colegas de padarias de todo
o Estado que
Blumenau, numa
situação geográfica bastante difícil
e bastante acidentada, tem um
centro de convenções
e nós,
aqui, lamentavelmente, tristemente,
o digo nesta
tribuna, não
temos um centro
de convenções. Eu não
estive, há
poucos dias, no congresso
que houve lá
em Natal,
mas os companheiros
Luiz Machado e Sadi lá estavam. Vejam bem, Natal sediou
o último Congresso Nacional de Panificação
e foi um
sucesso. Mas
o que me
deixa triste, o que
faz até com
que Porto Alegre
se torne pequena
perante as outras cidades, porque lá
estavam as diretorias dos sindicatos, e
não pode se
inscrever para sediar o Congresso
Nacional de Panificação, isso
chega a ser
um ato bastante
doloroso e vexatório para a representatividade do nosso Estado.
Portanto, creio que o problema
que o nosso
companheiro Luiz Vicente Dutra trouxe nesta tribuna, quem sabe
seja uma porta
que está se
abrindo para que as nossas
autoridades competentes se alertem para que
Porto Alegre, a Capital do
Estado do Rio
Grande do Sul, tenha,
no futuro,
num breve espaço
de tempo,
um centro de
convenções. Sabemos que um congresso do nível, por exemplo, deste em
Natal, só traz benefícios para qualquer lugar. Portanto, mais uma
vez, fica o
nosso alerta para que as nossas autoridades
pensem na falta
que está fazendo, para nosso
Estado, um
centro de convenções. Quem sabe
com a ajuda
de Deus e
dos homens poderemos ter,
na nossa Cidade, um centro
de convenções. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a
tratar, declaro
encerrados trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 17h30min.)
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